domingo, 7 de abril de 2024

O maior mandamento: amar a Deus de todo coração, alma e entendimento


 Está escrito:

“Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mateus 22:37)

 

A expressão dita por Jesus e relatada por Mateus é uma poderosa chamada à devoção integral e incondicional, presente nos ensinamentos cristãos. Esta orientação, advinda do Evangelho, reflete a essência do relacionamento entre o homem e Deus, trazendo consigo implicações teológicas profundas. Nesta breve reflexão, vamos explicar como devemos viver, no dia a dia, o amor a Deus de maneira completa, ou seja, usar seu coração, sua alma e seu entendimento.   

 

Jesus disse que o maior mandamento é amar a Deus, nada é mais importante que isso. Mas, como o amor a Deus se expressa? O mandamento, proclamado por Jesus Cristo é uma síntese da teologia do amor que permeia toda a Bíblia. Esse versículo ecoa a Deuteronômio 6:5, em que Moisés instrui o povo de Israel a amar a Deus com todo o seu ser. Aqui, a ênfase está não apenas na exterioridade das ações, mas na interioridade da entrega total.

 

O teólogo reformador Martinho Lutero, em sua obra “A liberdade Cristã”, explora a profundidade desse amor, destacando que a fé verdadeira, não pode ser separada do amor ativo e da obediência a Deus. Lutero argumenta que o verdadeiro amor a Deus se manifesta não apenas em emoções, mas em uma vida dedicada ao serviço ao próximo, refletindo a reciprocidade desse amor divino.

 

O pensador contemporâneo Timothy Keller, em sua obra “O Deus pródigo”, explora a narrativa bíblica do Filho Pródigo para ilustrar a dinâmica desse amor. Keller destaca que o retorno do filho mais novo ao pai não foi motivado apenas pelo medo ou pela obrigação, mas por um profundo amor transformador que restaurou o relacionamento.


A teologia do amor integral também encontra eco nas palavras do apóstolo Paulo em Romanos 12:1, em que ele insta os crentes a apresentarem seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. O teólogo contemporâneo John Stott em sua obra “A mensagem de Romanos”, ressalta a importância dessa entrega completa, evidenciando que o amor a Deus implica uma resposta radical e transformadora em todas as esferas da vida.

 

Logo, percebe-se que o amor a Deus envolve uma entrega total de nós mesmos, mas como podemos fazê-lo na prática? Observe que o amor a Deus, segundo as Escrituras, se expressa de diversas maneiras, indo além de uma mera emoção ou sentimento, a saber:

 

1. Amar a Deus de todo seu coração: o coração representa nossas emoções e desejos. A questão é, nós desejamos a Deus? Nós queremos estar com Ele e desfrutar de Sua presença? Só pensar de passar tempo com Deus nos traz alegria? O amor a Deus não é um pensamento intelectual. Ele envolve sentimentos. O amor só é integral quando nosso prazer está em Deus e isso se demonstra da seguinte forma:

·      Prioridade nas afeições – amar a Deus de todo coração implica colocar Deus em primeiro lugar nas afeições e prioridades da vida.  

·      Obediência – amar a Deus de todo coração se evidencia através da obediência aos Seus mandamentos, conforme Jesus disse no Evangelho de João 14:15. Lembre-se que a obediência não é uma obrigação ou dever, mas uma resposta amorosa à vontade de Deus.

·      Relação pessoal – o amor a Deus não é apenas um conceito abstrato, é uma relação pessoal que envolve a busca constante de comunhão com Deus por meio da oração, da leitura da Bíblia e da reflexão sobre Sua presença em nossa vida.

·      Humildade e arrependimento – reconhecer a própria necessidade de redenção e arrepender-se diante de Deus é outra forma de expressar amor a Ele. A humildade é fundamental para reconhecer a soberania de Deus e a dependência contínua de Sua graça.

·      Amor prático – Amar a Deus de todo coração não é apenas uma emoção, mas se traduz em ações práticas. Isso inclui amar e servir o próximo, expressando os valores e princípios de Deus em nossas interações diárias.

2. Amar a Deus de toda a sua alma: é uma expressão que sugere uma devoção completa e profunda, abrangendo a totalidade do ser interior de uma pessoa. Sua alma é sua personalidade, seus pensamentos e emoções. Aliás, amar a Deus é uma decisão que tomamos, é um ato consciente, que exige de nós disciplina espiritual e força de vontade, mas isso pode se manifestar em nossa vida, através do(a):

·      Engajamento emocional profundo – amar a Deus de toda a sua alma implica um envolvimento emocional profundo. Isso não se trata apenas de cumprir deveres religiosos, mas de cultivar um relacionamento íntimo e afetivo com Deus. Envolve emoções com amor, gratidão, reverência e adoração.

·      Vínculo espiritual – significa estabelecer um vínculo espiritual sólido com Deus. É uma conexão que permeia a essência da alma, buscando a comunhão espiritual e a busca constante por Deus.

·      Entrega da vontade – isso significa submeter os desejos, planos e aspirações pessoais à vontade de Deus, confiando que Ele tem o melhor em mente para cada um de nós.

·      Resposta à graça – amar a Deus de toda a sua alma implica reconhecer e responder à graça de Deus e aceitar o Seu amor incondicional e permitir que essa graça transforme a alma, resultando em uma vida renovada e em conformidade com os princípios divinos.

3. Amar a Deus de todo o seu entendimento: é uma expressão que destaca a importância de envolver a mente, a razão e a compreensão na prática do amor a Deus. Será que a forma como nós agimos reflete nosso amor por Deus? Jesus disse que precisamos amar a Deus de todo o entendimento, assim teremos um amor poderoso e inabalável, vejamos alguns aspectos que ajudam a elucidar o significado desse “entendimento”:

·      Compreensão intelectual da fé – Amar a Deus de todo entendimento implica em buscar uma compreensão intelectual mais profunda da fé. Isso inclui estudar a Bíblia, a teologia e os ensinamentos de Jesus para cultivar um entendimento sólido sobre Deus e Sua vontade.

·      Discernimento moral e ético – isso implica em aplicar os princípios éticos e morais em todas as áreas da vida e isso requer discernimento para tomar decisões alinhadas aos valores e princípios ensinados por Deus.

·      Desenvolvimento do pensamento crítico – significa desenvolver o pensamento crítico em relação às questões espirituais e morais que podem surgir na jornada da fé.

·      Integração da fé e do raciocínio – implica integrar a fé com a razão e o intelecto. Amar a Deus de todo o entendimento não significa uma fé cega, mas sim uma fé que dialoga com a razão, buscando uma harmonia entre a espiritualidade e o entendimento intelectual. 

O teólogo e filósofo Blaise Pascal, em seus “Pensamentos”, aponta para a necessidade de uma busca constante do entendimento de Deus. Pascal argumenta que a verdadeira religião envolve uma devoção que vai além do coração e da alma, incorporando também a mente, resultando em um amor informado e enriquecido pela compreensão intelectual.

 

Por fim, as vozes dos teólogos, tanto antigos quanto contemporâneos, ressoam em uníssono, enfatizando a integralidade desse amor como um convite para uma vida transformada e comprometida com Deus. Este é um chamado à busca incessante do entendimento, à entrega sincera da alma e ao serviço ativo motivado pelo amor, cumprindo o propósito divino de comunhão e redenção.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Oh glóriaaaaa à Deus!!!

Anônimo disse...

Muito forte o conteúdo. Se a humanidade colocasse em prática esse amor, o mundo não estaria como está!