domingo, 21 de abril de 2024

Angústia e fé: reflexão no Salmo 13:2

 

Está escrito:

“Até quando, SENHOR, me esquecerás para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?” Salmos 13:2

 

O Salmo 13:2 é uma expressão poderosa de angústia e anseio espiritual, que ressoa através dos séculos como um eco das lutas e aflições do ser humano diante de Deus. Para compreender plenamente o significado e a aplicação deste verso na vida cristã, é crucial examinar tanto a exegese quanto a hermenêutica do texto.


A angústia é uma emoção humana profundamente enraizada. Certamente, todos nós, em algum momento da vida, nos deparamos com momentos de angústia e desespero. Quando estamos mergulhados nessa sensação, é fácil sentir como se nunca fosse acabar. Você questiona Deus do porquê de tanta adversidade e a resposta é apenas o silêncio dEle.


Você sabe por que Deus, nos dias de hoje, não fala como falou com Moisés e os outros profetas no passado bíblico? Porque atualmente temos a Palavra de Deus (Bíblia) que nos oferece orientação e consolo, mesmo em meio às situações mais difíceis. Confie na Palavra e na Presença de Deus, mesmo quando parece que Deus se afastou, Ele está presente. A Bíblia nos assegura que Deus nunca nos abandonará. Ele está conosco seja qual for a circunstância, mesmo quando não O sentimos, Ele está perto.


O Salmo 13 é atribuído ao rei Davi, que enfrentou inúmeras provações e desafios ao longo de sua vida. Neste Salmo, Davi expressa sua profunda aflição e desespero diante da aparente ausência de Deus em sua vida. Ele se sente abandonado e esquecido por Deus, aí pergunta: “Até quando, SENHOR, me esquecerás para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?”


A hermenêutica deste verso nos leva a uma compreensão mais ampla das verdades teológicas subjacentes. Em primeiro lugar, mostra a honestidade de Davi diante de Deus. Ele não tenta mascarar sua dor ou fingir uma fé que não sente. Pelo contrário, ele traz sua angústia diante de Deus em oração sincera. Isso nos lembra que é perfeitamente aceitável expressar nossos sentimentos mais profundos diante de Deus, mesmo que sejam de dúvida ou desespero.


Além disso, este verso revela a natureza humana de buscar a presença de Deus. Mesmo em meio à escuridão e ao sofrimento, Davi anseia pela comunhão com Deus e clama por Sua intervenção. Isso ressalta a importância da busca contínua pela presença de Deus em nossas vidas, mesmo quando enfrentamos tempos difíceis.


Quando passamos por momentos de angústia e aflição, é natural sentir uma variedade de emoções intensas, como medo, tristeza, ansiedade e desespero. O crente sente essas coisas, ele não é um super-homem, ele é um ser humano que ri e que chora, que se alegra e se entristece. Jesus era assim, simplesmente homem e Deus. 


Lembre-se de que, assim como as estações mudam, as circunstâncias da vida também. A angústia pode durar por um tempo, a gente sofre, mas a fidelidade de Deus é eterna, Aleluia! Por isso, confiemos nEle em meio às tempestades da vida, tendo a certeza de que Ele é o nosso refúgio e fortaleza (Salmos 46:1). 


O legado de Davi está registrado nos seus Salmos, incluindo o Salmo 13, na qual podemos extrair orientações básicas para lidar com esses momentos de angústia, a saber:

 1. Busque a presença de Deus em oração: assim como Davi, devemos nos voltar para Deus em oração em meio às nossas lutas. Podemos compartilhar honestamente nossos sentimentos com Ele, expressando nossa angústia e clamando por Sua ajuda. Saiba que a oração é uma maneira poderosa de encontrar conforto e fortalecimento em momentos difíceis (Filipenses 4:6).


2. Mergulhe na Palavra de Deus: a Bíblia é uma fonte de consolo e orientação em tempos de aflição. Nos meus momentos de angústia e aflição foi no meditar das Escrituras que encontrei promessas de Deus que me fez lembrar de Sua fidelidade e amor para comigo. Davi frequentemente se encorajava meditando na Palavra de Deus e nós podemos seguir seu exemplo (1 Pedro 1:25).


3. Pratique a gratidão:  mesmo em meio à dor, podemos encontrar motivos para agradecer a Deus. Cultivar uma atitude de gratidão nos ajuda a manter uma perspectiva equilibrada e nos lembra das bênçãos que recebemos, mesmo durante as dificuldades (1Tessalonicenses 5:18).


4. Confie na soberania de Deus: embora não possamos entender completamente os propósitos de Deus em meio ao sofrimento, como até hoje eu ainda não entendo, podemos confiar em Sua soberania e bondade. Davi confiou na fidelidade de Deus mesmo quando não podia ver Sua intervenção imediata, mas na verdade, nós não precisamos ver, e sim, crê no trabalhar de Deus para fazer cooperar todas as coisas para o nosso bem, louvado seja Deus! (Salmos 84:12)


5. Busque ajuda profissional, se necessário: em alguns casos, a angústia e a aflição abalam nossa saúde mental, você pensa que vai pirar por estar sendo esmagado por tamanha pressão emocional. Não hesite em procurar um profissional de saúde mental ou aconselhamento pastoral ou líder espiritual.


Diante do exposto, o Salmo 13:2 nos desafia a confiar na fidelidade de Deus, mesmo quando não podemos sentir Sua presença. Mas, assim como Davi, podemos nos encontrar em situações em que parece que Deus está distante ou silencioso. Nestes momentos, somos chamados a confiar na promessa de que Deus nunca nos deixará nem nos abandonará (Hebreus 13:5) e a continuar buscando Sua face através da oração e da comunhão com Ele.


Além disso, o Salmo 13:2 nos lembra da importância da esperança em meio à adversidade. Embora Davi esteja passando por um período de desespero, ele ainda clama a Deus com esperança de que Ele virá em seu auxílio. Da mesma forma, nós podemos enfrentar as tribulações da vida com a esperança de que Deus está trabalhando em nosso favor, mesmo que não possamos ver isso imediatamente.


Em resumo, o Salmo 13:2 nos convida a uma jornada de fé, confiança e esperança, mesmo nos momentos mais sombrios de nossas vidas. Ele nos lembra da importância de expressar honestamente nossos sentimentos diante de Deus, de buscar Sua presença mesmo quando parecer distante e de manter a esperança em Sua fidelidade, mesmo em meio à adversidade. Que possamos encontrar conforto e fortalecimento nestas verdades enquanto navegamos pelas águas turbulentas da vida cristã.

 

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

domingo, 14 de abril de 2024

Tema a Deus e guarde seus mandamentos: o caminho para uma vida significativa

 

Está escrito:

“De tudo o que se ouviu, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12:13).


O livro de Eclesiastes, atribuído ao rei Salomão, é uma obra da sabedoria bíblica que aborda questões fundamentais da existência humana. O versículo em pauta encerra o livro com uma conclusão poderosa e essencial para a compreensão de uma vida significativa: “Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem”.  Isso é tremendo, não?


Na realidade, esse versículo resume a busca pela significância da vida em sua perspectiva teológica, destacando a importância da reverência a Deus e da observância de seus mandamentos como o dever supremo de cada ser humano. Na cosmovisão cristã, o sentido da vida está vinculado à relação com Deus. A ideia é que as pessoas foram criadas para amar, servir e estar em comunhão com Deus. Eu convido você a nos aprofundarmos um pouco nessa perspectiva? 


A vida, de acordo com Eclesiastes, é permeada por um sentido mais profundo quando vivida em relação a Deus. O autor, em sua sabedoria divinamente concedida, reflete sobre as várias experiências humanas, aliás ele viveu intensamente cada momento de sua vida que oscilou entre a devoção a Deus e os prazeres que a vida mundana oferece, aí chegou à conclusão que a verdadeira significância da vida não pode ser encontrada nas riquezas materiais, na busca pelo prazer ou na sabedoria humana isolada. Em vez disso, ele aponta para a essência da vida como sendo encontrada na conexão com o Criador.


A primeira parte do versículo, sugere que, após todas as reflexões e buscas, uma conclusão definitiva é alcançada. Essa conclusão não é um beco sem saída ou desespero, mas sim uma revelação de propósito. Salomão direciona o foco para o cerne da existência: “Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos”. 

O temor a Deus, neste contexto, não se refere a um medo paralisante, mas a uma reverência profunda e respeito pelo Criador. Isso implica reconhecer a soberania de Deus sobre a vida e entender que a verdadeira realização vem ao viver em conformidade com Seus princípios. O temor a Deus é o fundamento da sabedoria, como afirmado em Provérbios 9:10 – “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento”. 


Demonstrar o temor a Deus envolve uma abordagem holística da vida, permeada por um sentimento de amor, respeito e um relacionamento íntimo com o Criador. Na prática podemos expressar o temor a Deus da seguinte forma:

·       Vivendo em obediência aos Seus mandamentos – uma maneira fundamental de demonstrar o temor a Deus é obedecer aos Seus mandamentos, conforme expresso nas Escrituras. Isso envolve não apenas conhecê-los, mas também os aplicar em todas as áreas da vida.

·       Tendo uma vida de oração – a oração é uma expressão direta de comunicação com Deus. Ao buscar Sua orientação, agradecimento e confiança, demonstramos nossa dependência Dele. Jesus enfatizou a importância da oração como um ato de se reder à vontade de Deus (Mateus 6:16-17).

·       Estudando a Bíblia – aprofundar-se nas Escrituras é uma forma de conhecer a vontade de Deus. O estudo regular da Bíblia nos ajuda a compreender Seus ensinamentos e a aplicá-los na vida diária (2Timóteo 3:16-17).

·       Cultivando a humildade – reconhecer a grandiosidade de Deus e a própria dependência d’Ele é uma expressão de humildade que envolve submissão à vontade divina e reconhecimento de que somos criaturas dependentes de nosso Criador (Tiago 4:10).

·       Servindo em amor ao próximo – Jesus nos ensinou que amar e servir aos outros é uma forma de demonstrar amor a Deus (Mateus 25:40). O serviço altruísta reflete um coração transformado pelo temor a Deus.

·       Buscando a santificação – o temor a Deus está conectado à busca pela santidade. Buscar uma vida que reflita os padrões divinos e evitar práticas contrárias aos princípios bíblicos é uma expressão prática do temor a Deus (1Pedro 1:15-16). 

·       Tendo a consciência da presença de Deus – viver com a consciência constante da presença de Deus em todas as situações é uma forma de temor a Ele. Isso influencia as escolhas e atitudes diárias, sabendo que estamos diante do Deus soberano (Provérbios 3:6). 

·       Tendo um arrependimento sincero – reconhecer os erros, arrepender-se sinceramente e buscar a reconciliação com Deus é uma demonstração de temor a Ele. O arrependimento reflete uma consciência da santidade de Deus e um desejo de alinhar-se com Seus caminhos (Atos 3:19).

·       Tendo confiança e fé – ter confiança e fé em Deus, mesmo em meio às dificuldades, é uma expressão de temor a Ele. A confiança reflete a convicção de que Deus é digno de ser temido, adorado e confiado em todas as circunstâncias (Provérbios 3:5-6).

Demonstrar o temor a Deus é um processo contínuo e dinâmico. Envolve um relacionamento vivo e ativo com Ele, permeando todos os aspectos da vida cotidiana. Mas, a segunda parte do versículo destaca a importância de guardar os mandamentos de Deus. Isso vai além de uma simples obediência legalista; é uma expressão de amor e gratidão por aquele que nos criou e nos salvou. Jesus Cristo reitera essa ênfase no amor e obediência em João 14:15, ao dizer: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”. 


Deixe-me situá-lo no contexto dessa expressão de João 14:15. Jesus estava preparando Seus discípulos para Sua partida iminente e as dificuldades que enfrentariam. Ele promete enviar o Espírito Santo para estar com eles (João 14:16-17) e fala sobre a necessidade de permanecerem conectados a Ele para dar frutos (João 15:1-8). No meio dessas instruções, Jesus destaca a relação entre o amor a Ele e a observância de Seus mandamentos. Na prática, o que significava isso para os seus seguidores naquela época e para nós, atualmente? Significa:

·      Amor como motivação – Jesus está estabelecendo uma relação íntima entre o amor por Ele e a obediência aos Seus mandamentos. A obediência não é meramente um conjunto de regras a serem seguidas, mas é motivada pelo amor dedicado a Jesus.

·      Expressão prática de amor – obedecer aos mandamentos de Jesus é uma expressão prática do amor a Ele. Em vez de ver os mandamentos como um fardo, Jesus nos apresenta como uma resposta natural do amor que devemos ter por Ele.

·      Conexão com o Amor Divino – a obediência aos mandamentos de Jesus não é apenas uma questão de conformidade externa, mas está profundamente ligado ao amor divino. Jesus, como o Filho de Deus, representa a vontade divina e obedecer a Ele é obedecer ao Pai (João 14:10).

·      Relacionamento contínuo – o contexto sugere que Jesus está enfatizando a importância de manter um relacionamento contínuo e vital com Ele. Obedecer aos mandamentos não é apenas um ato isolado, mas parte de um estilo de vida de comunhão constante.

Diante o exposto, que implicações práticas teremos? Na verdade, teremos uma vida transformada, uma compreensão dos mandamentos e relacionamento pessoal com Cristo para viver uma vida significativa, à luz de Eclesiastes 12:13. Portanto, um viver em comunhão com Deus, amando-O e obedecendo aos Seus mandamentos, não apenas confere um sentido mais profundo à existência, mas também estabelece uma base sólida para relacionamentos significativos com os outros e uma contribuição positiva para o bem comum. 


O verdadeiro significado da vida, conforme delineado na Bíblia, está intrinsecamente vinculado à nossa relação com Deus e à prática de uma vida guiada por princípios cristocêntricos. Em última análise, a busca por significado da vida encontra sua resposta não na filosofia, mas no temor a Deus e na observância dos Seus mandamentos.


Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

Shalom Adonai!

domingo, 7 de abril de 2024

O maior mandamento: amar a Deus de todo coração, alma e entendimento


 Está escrito:

“Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mateus 22:37)

 

A expressão dita por Jesus e relatada por Mateus é uma poderosa chamada à devoção integral e incondicional, presente nos ensinamentos cristãos. Esta orientação, advinda do Evangelho, reflete a essência do relacionamento entre o homem e Deus, trazendo consigo implicações teológicas profundas. Nesta breve reflexão, vamos explicar como devemos viver, no dia a dia, o amor a Deus de maneira completa, ou seja, usar seu coração, sua alma e seu entendimento.   

 

Jesus disse que o maior mandamento é amar a Deus, nada é mais importante que isso. Mas, como o amor a Deus se expressa? O mandamento, proclamado por Jesus Cristo é uma síntese da teologia do amor que permeia toda a Bíblia. Esse versículo ecoa a Deuteronômio 6:5, em que Moisés instrui o povo de Israel a amar a Deus com todo o seu ser. Aqui, a ênfase está não apenas na exterioridade das ações, mas na interioridade da entrega total.

 

O teólogo reformador Martinho Lutero, em sua obra “A liberdade Cristã”, explora a profundidade desse amor, destacando que a fé verdadeira, não pode ser separada do amor ativo e da obediência a Deus. Lutero argumenta que o verdadeiro amor a Deus se manifesta não apenas em emoções, mas em uma vida dedicada ao serviço ao próximo, refletindo a reciprocidade desse amor divino.

 

O pensador contemporâneo Timothy Keller, em sua obra “O Deus pródigo”, explora a narrativa bíblica do Filho Pródigo para ilustrar a dinâmica desse amor. Keller destaca que o retorno do filho mais novo ao pai não foi motivado apenas pelo medo ou pela obrigação, mas por um profundo amor transformador que restaurou o relacionamento.


A teologia do amor integral também encontra eco nas palavras do apóstolo Paulo em Romanos 12:1, em que ele insta os crentes a apresentarem seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. O teólogo contemporâneo John Stott em sua obra “A mensagem de Romanos”, ressalta a importância dessa entrega completa, evidenciando que o amor a Deus implica uma resposta radical e transformadora em todas as esferas da vida.

 

Logo, percebe-se que o amor a Deus envolve uma entrega total de nós mesmos, mas como podemos fazê-lo na prática? Observe que o amor a Deus, segundo as Escrituras, se expressa de diversas maneiras, indo além de uma mera emoção ou sentimento, a saber:

 

1. Amar a Deus de todo seu coração: o coração representa nossas emoções e desejos. A questão é, nós desejamos a Deus? Nós queremos estar com Ele e desfrutar de Sua presença? Só pensar de passar tempo com Deus nos traz alegria? O amor a Deus não é um pensamento intelectual. Ele envolve sentimentos. O amor só é integral quando nosso prazer está em Deus e isso se demonstra da seguinte forma:

·      Prioridade nas afeições – amar a Deus de todo coração implica colocar Deus em primeiro lugar nas afeições e prioridades da vida.  

·      Obediência – amar a Deus de todo coração se evidencia através da obediência aos Seus mandamentos, conforme Jesus disse no Evangelho de João 14:15. Lembre-se que a obediência não é uma obrigação ou dever, mas uma resposta amorosa à vontade de Deus.

·      Relação pessoal – o amor a Deus não é apenas um conceito abstrato, é uma relação pessoal que envolve a busca constante de comunhão com Deus por meio da oração, da leitura da Bíblia e da reflexão sobre Sua presença em nossa vida.

·      Humildade e arrependimento – reconhecer a própria necessidade de redenção e arrepender-se diante de Deus é outra forma de expressar amor a Ele. A humildade é fundamental para reconhecer a soberania de Deus e a dependência contínua de Sua graça.

·      Amor prático – Amar a Deus de todo coração não é apenas uma emoção, mas se traduz em ações práticas. Isso inclui amar e servir o próximo, expressando os valores e princípios de Deus em nossas interações diárias.

2. Amar a Deus de toda a sua alma: é uma expressão que sugere uma devoção completa e profunda, abrangendo a totalidade do ser interior de uma pessoa. Sua alma é sua personalidade, seus pensamentos e emoções. Aliás, amar a Deus é uma decisão que tomamos, é um ato consciente, que exige de nós disciplina espiritual e força de vontade, mas isso pode se manifestar em nossa vida, através do(a):

·      Engajamento emocional profundo – amar a Deus de toda a sua alma implica um envolvimento emocional profundo. Isso não se trata apenas de cumprir deveres religiosos, mas de cultivar um relacionamento íntimo e afetivo com Deus. Envolve emoções com amor, gratidão, reverência e adoração.

·      Vínculo espiritual – significa estabelecer um vínculo espiritual sólido com Deus. É uma conexão que permeia a essência da alma, buscando a comunhão espiritual e a busca constante por Deus.

·      Entrega da vontade – isso significa submeter os desejos, planos e aspirações pessoais à vontade de Deus, confiando que Ele tem o melhor em mente para cada um de nós.

·      Resposta à graça – amar a Deus de toda a sua alma implica reconhecer e responder à graça de Deus e aceitar o Seu amor incondicional e permitir que essa graça transforme a alma, resultando em uma vida renovada e em conformidade com os princípios divinos.

3. Amar a Deus de todo o seu entendimento: é uma expressão que destaca a importância de envolver a mente, a razão e a compreensão na prática do amor a Deus. Será que a forma como nós agimos reflete nosso amor por Deus? Jesus disse que precisamos amar a Deus de todo o entendimento, assim teremos um amor poderoso e inabalável, vejamos alguns aspectos que ajudam a elucidar o significado desse “entendimento”:

·      Compreensão intelectual da fé – Amar a Deus de todo entendimento implica em buscar uma compreensão intelectual mais profunda da fé. Isso inclui estudar a Bíblia, a teologia e os ensinamentos de Jesus para cultivar um entendimento sólido sobre Deus e Sua vontade.

·      Discernimento moral e ético – isso implica em aplicar os princípios éticos e morais em todas as áreas da vida e isso requer discernimento para tomar decisões alinhadas aos valores e princípios ensinados por Deus.

·      Desenvolvimento do pensamento crítico – significa desenvolver o pensamento crítico em relação às questões espirituais e morais que podem surgir na jornada da fé.

·      Integração da fé e do raciocínio – implica integrar a fé com a razão e o intelecto. Amar a Deus de todo o entendimento não significa uma fé cega, mas sim uma fé que dialoga com a razão, buscando uma harmonia entre a espiritualidade e o entendimento intelectual. 

O teólogo e filósofo Blaise Pascal, em seus “Pensamentos”, aponta para a necessidade de uma busca constante do entendimento de Deus. Pascal argumenta que a verdadeira religião envolve uma devoção que vai além do coração e da alma, incorporando também a mente, resultando em um amor informado e enriquecido pela compreensão intelectual.

 

Por fim, as vozes dos teólogos, tanto antigos quanto contemporâneos, ressoam em uníssono, enfatizando a integralidade desse amor como um convite para uma vida transformada e comprometida com Deus. Este é um chamado à busca incessante do entendimento, à entrega sincera da alma e ao serviço ativo motivado pelo amor, cumprindo o propósito divino de comunhão e redenção.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

 

domingo, 31 de março de 2024

Ressurreição e renovação: celebrando a Páscoa Cristã


Está escrito:

“Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham e vejam o lugar onde ele jazia” (Mateus 28:6).

 

Na tradição cristã, a Páscoa é uma das celebrações mais importantes do calendário religioso, comemorando a ressurreição de Jesus Cristo após sua crucificação, conforme narrado nos Evangelhos. A palavra “Páscoa” tem suas raízes na palavra hebraica “Pessach”, que significa “passagem”. Originalmente, a Páscoa era uma festa judaica que comemorava a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito e sua passagem da escravidão para a liberdade. Este evento é descrito no livro do Êxodo, no Antigo Testamento da Bíblia.


Mas, para nós, a Páscoa adquire um significado especial, a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, que, de acordo com os Evangelhos, ocorreu durante a época da Páscoa judaica. Assim, a Páscoa cristã está intrinsecamente relacionada à ideia de libertação, redenção e passagem da morte para a vida, simbolizando não apenas a vitória de Jesus sobre a morte, mas também a promessa da vida eterna para aqueles que nEle creem.


Assim, o Evangelho de Mateus 28:6 relata o momento crucial na fé cristã: a ressurreição de Jesus Cristo. Esta é a mensagem central da Páscoa para nós: a vitória sobre a morte e a confirmação da divindade de Jesus. Isso é muito significativo, porque a afirmação de que Jesus ressuscitou confirma sua promessa de que Ele se levantaria dos mortos. Isso valida sua autoridade como o Messias e o Filho de Deus.


Além disso, a frase “Venham e vejam o lugar onde ele jazia” sugere um convite para testemunhar a ausência física de Jesus no túmulo, reforçando a realidade da ressurreição. Aprove a Deus que as mulheres tiveram o privilégio de serem as primeiras a testemunharem a ressurreição de Jesus. Mateus relata que elas saíram daquele lugar amedrontadas, mas cheias de alegria e correram para anunciar aos discípulos de Jesus.


Na realidade, a ressurreição de Jesus é vista como o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento e como o evento central que dá significado à fé cristã. Há alguns textos bíblicos que confirmam esse argumento. Por exemplo, o Salmo 16:10, o salmista diz: “Pois não deixarás a minha vida no túmulo, nem permitirás que teu santo sofra deterioração”. Entende-se que o salmista fizera uma profecia da ressurreição de Jesus, assim como é afirmado nos sermões de Pedro em Atos 2:25-32 e Atos 13:35-37. 


Até Jesus utiliza o texto de Jonas 1-2 para prefigurar sua própria morte e ressurreição. Ele compara sua estadia no “ventre do peixe” por três dias e três noites com sua morte e ressurreição, conforme Mateus 12:40. A história de Abraão e Isaque no monte Moriá também é vista como uma prefiguração da ressurreição de Cristo. Assim como Deus providenciou um cordeiro para substituir Isaque como sacrifício, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). São muitas evidências bíblicas que apontam para a ressurreição de Jesus e que estão enraizadas nas Escrituras.


Mas, teólogos ao longo da história têm oferecido insights valiosos sobre a ressurreição e seu significado. Por exemplo, Santo Agostinho refletiu sobre como a ressurreição de Cristo restaura a ordem original da criação e redime a humanidade da queda. Martinho Lutero enfatizou a justificação pela fé, argumentando que a ressurreição de Cristo é a garantia da aceitação divina para todos os que creem nEle.


Então, como podemos viver a Páscoa cristã nos dias de hoje?

1. Vivendo na esperança da ressurreição: a Páscoa não é apenas um memorial, mas uma realidade presente que molda nossa visão de futuro. Nós fomos chamados a viver com a certeza da ressurreição, sabendo que a morte não é o fim e que a vida eterna aguarda aqueles que estão em Cristo. Em 1Ts 4:13-18 descreve a esperança dos crentes na ressurreição dos mortos em Cristo e no arrebatamento daqueles que estiverem vivos quando Jesus retornar, sim, porque esse Jesus que foi morto e ressuscitou, Ele voltará para buscar os seus filhinhos e estaremos para sempre com o Senhor. Glória a Deus! 


2. Testemunhando a ressurreição: assim como as mulheres foram enviadas para proclamar a ressurreição de Jesus aos discípulos, os cristãos são chamados a ser testemunhas vivas da esperança que têm em Cristo. Isso envolve compartilhar o Evangelho com outros e viver vidas que reflitam a realidade transformadora da ressurreição. Ainda no Evangelho de Mateus 28:18-20, o texto mostra que Jesus, após sua ressurreição, comissionou seus discípulos a irem pelo mundo e fazerem discípulos de todas as nações. Logo, devemos compartilhar o Evangelho com outras pessoas, batizando-as e ensinando-as a obedecer aos ensinamentos de Jesus.


3. Vivendo em vitória sobre o pecado e a morte: a ressurreição de Cristo não apenas garante a vida eterna, mas também capacita os cristãos a viverem vidas de vitória sobre o pecado e a morte. Confiando na obra redentora de Cristo, os crentes são capacitados pelo Espírito Santo a viverem de acordo com os padrões do Reino de Deus. Em 1Coríntios 15:54-57, Paulo descreve como, através da ressurreição, aqueles que creem em Cristo serão revestidos de incorruptibilidade e imortalidade. A citação das palavras proféticas de Oséias 13:14, proferidas por Paulo, destaca a derrota definitiva da morte, que é o resultado do pecado. Essa vitória é possível apenas por meio de Jesus Cristo, que triunfou sobre a morte e o pecado por sua morte e ressurreição.


Portanto, a Páscoa é entendida como o fundamento da esperança cristã e da vida eterna porque, por meio da ressurreição de Jesus, Deus oferece perdão, reconciliação e vida eterna àqueles que creem nEle, garantindo assim a realização de sua promessa de salvação. Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Jesus Cristo, nosso SENHOR, por tão grande salvação!

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória