domingo, 31 de março de 2024

Ressurreição e renovação: celebrando a Páscoa Cristã


Está escrito:

“Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham e vejam o lugar onde ele jazia” (Mateus 28:6).

 

Na tradição cristã, a Páscoa é uma das celebrações mais importantes do calendário religioso, comemorando a ressurreição de Jesus Cristo após sua crucificação, conforme narrado nos Evangelhos. A palavra “Páscoa” tem suas raízes na palavra hebraica “Pessach”, que significa “passagem”. Originalmente, a Páscoa era uma festa judaica que comemorava a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito e sua passagem da escravidão para a liberdade. Este evento é descrito no livro do Êxodo, no Antigo Testamento da Bíblia.


Mas, para nós, a Páscoa adquire um significado especial, a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, que, de acordo com os Evangelhos, ocorreu durante a época da Páscoa judaica. Assim, a Páscoa cristã está intrinsecamente relacionada à ideia de libertação, redenção e passagem da morte para a vida, simbolizando não apenas a vitória de Jesus sobre a morte, mas também a promessa da vida eterna para aqueles que nEle creem.


Assim, o Evangelho de Mateus 28:6 relata o momento crucial na fé cristã: a ressurreição de Jesus Cristo. Esta é a mensagem central da Páscoa para nós: a vitória sobre a morte e a confirmação da divindade de Jesus. Isso é muito significativo, porque a afirmação de que Jesus ressuscitou confirma sua promessa de que Ele se levantaria dos mortos. Isso valida sua autoridade como o Messias e o Filho de Deus.


Além disso, a frase “Venham e vejam o lugar onde ele jazia” sugere um convite para testemunhar a ausência física de Jesus no túmulo, reforçando a realidade da ressurreição. Aprove a Deus que as mulheres tiveram o privilégio de serem as primeiras a testemunharem a ressurreição de Jesus. Mateus relata que elas saíram daquele lugar amedrontadas, mas cheias de alegria e correram para anunciar aos discípulos de Jesus.


Na realidade, a ressurreição de Jesus é vista como o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento e como o evento central que dá significado à fé cristã. Há alguns textos bíblicos que confirmam esse argumento. Por exemplo, o Salmo 16:10, o salmista diz: “Pois não deixarás a minha vida no túmulo, nem permitirás que teu santo sofra deterioração”. Entende-se que o salmista fizera uma profecia da ressurreição de Jesus, assim como é afirmado nos sermões de Pedro em Atos 2:25-32 e Atos 13:35-37. 


Até Jesus utiliza o texto de Jonas 1-2 para prefigurar sua própria morte e ressurreição. Ele compara sua estadia no “ventre do peixe” por três dias e três noites com sua morte e ressurreição, conforme Mateus 12:40. A história de Abraão e Isaque no monte Moriá também é vista como uma prefiguração da ressurreição de Cristo. Assim como Deus providenciou um cordeiro para substituir Isaque como sacrifício, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). São muitas evidências bíblicas que apontam para a ressurreição de Jesus e que estão enraizadas nas Escrituras.


Mas, teólogos ao longo da história têm oferecido insights valiosos sobre a ressurreição e seu significado. Por exemplo, Santo Agostinho refletiu sobre como a ressurreição de Cristo restaura a ordem original da criação e redime a humanidade da queda. Martinho Lutero enfatizou a justificação pela fé, argumentando que a ressurreição de Cristo é a garantia da aceitação divina para todos os que creem nEle.


Então, como podemos viver a Páscoa cristã nos dias de hoje?

1. Vivendo na esperança da ressurreição: a Páscoa não é apenas um memorial, mas uma realidade presente que molda nossa visão de futuro. Nós fomos chamados a viver com a certeza da ressurreição, sabendo que a morte não é o fim e que a vida eterna aguarda aqueles que estão em Cristo. Em 1Ts 4:13-18 descreve a esperança dos crentes na ressurreição dos mortos em Cristo e no arrebatamento daqueles que estiverem vivos quando Jesus retornar, sim, porque esse Jesus que foi morto e ressuscitou, Ele voltará para buscar os seus filhinhos e estaremos para sempre com o Senhor. Glória a Deus! 


2. Testemunhando a ressurreição: assim como as mulheres foram enviadas para proclamar a ressurreição de Jesus aos discípulos, os cristãos são chamados a ser testemunhas vivas da esperança que têm em Cristo. Isso envolve compartilhar o Evangelho com outros e viver vidas que reflitam a realidade transformadora da ressurreição. Ainda no Evangelho de Mateus 28:18-20, o texto mostra que Jesus, após sua ressurreição, comissionou seus discípulos a irem pelo mundo e fazerem discípulos de todas as nações. Logo, devemos compartilhar o Evangelho com outras pessoas, batizando-as e ensinando-as a obedecer aos ensinamentos de Jesus.


3. Vivendo em vitória sobre o pecado e a morte: a ressurreição de Cristo não apenas garante a vida eterna, mas também capacita os cristãos a viverem vidas de vitória sobre o pecado e a morte. Confiando na obra redentora de Cristo, os crentes são capacitados pelo Espírito Santo a viverem de acordo com os padrões do Reino de Deus. Em 1Coríntios 15:54-57, Paulo descreve como, através da ressurreição, aqueles que creem em Cristo serão revestidos de incorruptibilidade e imortalidade. A citação das palavras proféticas de Oséias 13:14, proferidas por Paulo, destaca a derrota definitiva da morte, que é o resultado do pecado. Essa vitória é possível apenas por meio de Jesus Cristo, que triunfou sobre a morte e o pecado por sua morte e ressurreição.


Portanto, a Páscoa é entendida como o fundamento da esperança cristã e da vida eterna porque, por meio da ressurreição de Jesus, Deus oferece perdão, reconciliação e vida eterna àqueles que creem nEle, garantindo assim a realização de sua promessa de salvação. Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Jesus Cristo, nosso SENHOR, por tão grande salvação!

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória


 

domingo, 24 de março de 2024

A salvação vem do SENHOR (Yahweh)


 

Está escrito:

“Mas eu, com um cântico de gratidão, oferecerei sacrifício a ti. O que eu prometi cumprirei totalmente. A salvação vem do SENHOR” (Jonas 2:9).

 

A passagem bíblica de Jonas 2:9, apresenta um profundo e importante ensinamento teológico sobre a natureza da salvação e a sua origem divina. Este versículo, transcende as circunstâncias específicas do profeta que foi engolido de forma sobrenatural por um grande peixe e abrange verdades universais sobre a salvação. 

 

Observe que na primeira parte do versículo destaca a resposta de Jonas à sua experiência angustiante, ele estava no ventre de um peixe. Aí, ele promete sacrificar e cumprir os votos feitos a Deus em ação de graças pelo seu livramento. Isso nos lembra da importância da gratidão na vida do crente. No entanto, a parte crucial do versículo é a afirmação final: “A salvação vem do SENHOR”. 

 

Essa expressão ressalta que a salvação é um dom de Deus, exclusivamente proveniente Dele. Não é algo que possa ser obtido por mérito humano, esforços pessoais ou rituais religiosos, mas é concedido por Sua graça e misericórdia. Essa perspectiva teológica está profundamente enraizada na tradição judaico-cristã e é ecoada em todo o cânon bíblico.

 

Além disso, o texto em si está em consonância com as Escrituras do Antigo Testamento, especialmente com passagens como Isaías 43:11, que afirma categoricamente: “Eu, eu mesmo, sou o SENHOR, e além de mim não há salvador algum”. Essa mensagem enfatiza que a salvação é um monopólio divino e não há outro salvador além do SENHOR. 

 

Uma referência bíblica importante que reforça esse ponto está em Efésios 2:8-9, que diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”. Essas palavras foram escritas pelo apóstolo Paulo ressaltando a centralidade da graça divina na obtenção da salvação e a incapacidade humana de alcançá-la por meio de suas próprias obras.

 

A teologia reformada, expressa por teólogos como João Calvino, destaca a soberania de Deus na salvação. Calvino enfatiza que a salvação é inteiramente obra de Deus, desde a eleição até a justificação. A passagem de Jonas 2:9 está em harmonia com essa perspectiva, pois enfatiza que a salvação é uma dádiva de Deus e o homem não pode reivindicar nenhum crédito por isso.

 

Outro ponto importante a ser destacado é que Jonas 2:9 ressalta a importância da confiança e da fé em Deus como a fonte da salvação. Jonas, mesmo em sua angústia, confiou em Deus como a única esperança de resgate. Essa confiança é um elemento crucial na experiência da salvação, conforme também destacado em muitas passagens bíblicas, como João 3:16 e Romanos 10:8-9.

 

Meu caro leitor, talvez você esteja pensando com seus botões, como a graça age por meio da fé para mim salvar? Salvar de que? Vou explicar como isso acontece esclarecendo alguns conceitos:

·      A Graça de Deus: A graça de Deus é o ponto de partida. Ela representa o amor incondicional e a misericórdia divina que é estendida a toda a humanidade. Deus oferece Sua graça como um presente, não como base em méritos humanos, mas como um ato de Sua bondade e generosidade. Isso é claramente expresso em Efésios 2:8-9.

·      A fé salvífica: A fé é resposta do indivíduo à graça de Deus. Através da fé, uma pessoa reconhece a necessidade de salvação, aceita a oferta de Deus e coloca sua confiança em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. A fé é o ato de confiar e se apegar a Deus, aceitando Sua promessa de perdão e vida eterna. A fé é descrita na Bíblia como o meio pelo qual nos apropriamos da salvação. As passagens de João 3:16 e Romanos 10:8-9 ressaltam a importância da fé em Cristo para a salvação.

·      A justificação: A fé leva à justificação. A justificação é o ato divino de declarar o crente como justo aos olhos de Deus. Isso ocorre porque, pela fé, a justiça de Cristo é imputada ao crente e seus pecados são perdoados. A justificação é um ato legal e declarativo de Deus, que vê o crente como se ele nunca tivesse pecado. Em Romanos 3:24 nos diz que somos “justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”.

·      Santificação e transformação contínua: A salvação não é apenas um evento único, mas um processo contínuo. A partir do momento em que alguém coloca sua fé em Cristo, começa uma jornada de santificação. A graça de Deus continua a agir na vida do crente, capacitando-o a crescer espiritualmente, vencer o pecado e se tornar mais semelhante a Cristo. Paulo escrevendo aos Filipenses 2:13, nos lembra que é Deus quem opera em nós tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.

 

Em conclusão, a passagem de Jonas 2:9, oferece uma profunda reflexão teológica sobre a natureza da salvação e sua origem divina. Ela destaca a graça, a soberania de Deus e a importância da fé na obtenção da salvação. Esses princípios são fundamentais na teologia cristã e têm sido enfatizados ao longo da história da igreja por teólogos como João Calvino. Portanto, a salvação é um dom de Deus, é um ato soberano Dele e uma resposta de fé do indivíduo, tudo isso operando juntos para trazer redenção e transformação espiritual que deve ser recebido com gratidão e humildade. 

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

domingo, 17 de março de 2024

Fujam da idolatria: uma reflexão à luz de 1Coríntios 10:14

 

Está escrito:

“Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria” (1Coríntios 10:14).

 

Essa passagem bíblica é uma instrução crucial dada por Paulo aos coríntios e continua sendo uma lição importante para os cristãos de hoje. Esta advertência contra a idolatria é profundamente significativa em uma perspectiva teológica, pois nos lembra da importância de manter nossa adoração e devoção exclusivamente a Deus. Nesta breve reflexão, exploraremos a mensagem paulina e procuraremos compreender a idolatria à luz das Escrituras e das contribuições de teólogos.

 

O capítulo 10 de 1Coríntios, o apóstolo Paulo faz uma série de advertências e exortação aos cristãos de Corinto, lembrando-os dos erros que Israel cometeu no deserto e de como esses erros podem servir como lições para os crentes. Sabe-se que a idolatria era um dos pecados recorrentes do povo de Israel no Antigo Testamento, e Paulo, portanto, enfatiza sua perigosidade.

 

É preciso entender que a idolatria não se limita apenas à adoração de ídolos esculpidos, mas inclui qualquer forma de adoração ou devoção que substitui ou rivaliza com Deus. O teólogo Timothy Keller citando João Calvino, escreveu: “O coração humano é uma fábrica de ídolos”. Ele afirma ainda que a Bíblia deixa claro que não podemos restringir a idolatria à reverência diante da imagem de deuses falsos. Ela pode ser praticada internamente, na alma e no coração, sem ser exteriorizado. 

 

Isso nos lembra que a idolatria pode assumir muitas formas em nossas vidas, como o amor ao dinheiro, a busca desenfreada pelo sucesso, o orgulho ou a adoração de relacionamentos e prazeres mundanos. O profeta Ezequiel 14:3, recebeu a seguinte revelação: “Filho do homem, esses homens levantaram ídolos em seu coração e seguem coisas que os farão cair em pecado. Por que eu ouviria os pedidos deles?” Todas essas formas de idolatria afastam o coração da adoração a Deus. Logo, qualquer coisa na vida pode servir de ídolo, um deus alternativo, um deus falso (KELLER, 2018).

 

Além disso, a idolatria não apenas desvia nossa devoção de Deus, mas também nos impede de experimentar plenamente Sua graça e amor. A Bíblia nos ensina em Êxodo 20:5 que Deus é um Deus zeloso que não tolera a adoração de outros deuses, pois Ele é o único digno de nossa adoração e obediência. Quando nos envolvemos na idolatria, nos afastamos da comunhão com Deus e abrimos portas para influências espirituais negativas.

 

O próprio Jesus enfatizou a exclusividade da adoração a Deus em Mateus 4:10, quando repreendeu Satanás, dizendo: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto”. Isso reforça a mensagem de 1Co 10:14, de que a idolatria é uma afronta ao Deus verdadeiro.

 

Saliente-se ainda que, a idolatria é uma prática que pode facilmente se infiltrar em nossas vidas sem que percebamos. O teólogo Dietrich Bonhoeffer alertou contra a idolatria do “eu”, em que colocamos nossos próprios desejos e interesses acima de Deus e dos outros. Essa forma de idolatria sutil é especialmente perigosa porque muitas vezes a justificamos como sendo autoafirmação ou busca da felicidade pessoal.

 

Assim, pode-se perceber que nos dias de hoje, qualquer indivíduo pode criar ídolos no coração de várias maneiras. A pós-modernidade trouxe desafios únicos para a fé cristã, uma vez que está associada a uma ênfase na relativização da verdade e na busca incessante por satisfação pessoal. Vejamos algumas maneiras como os crentes na pós-modernidade podem inadvertidamente criar ídolos no coração:

 

1.     Idolatria do Self (Eu): o individualismo e o culto ao “self” são características proeminentes da pós-modernidade. Os cristãos podem facilmente cair na armadilha de priorizar seus próprios desejos, ambições e necessidades acima de Deus. Isso pode se manifestar na busca constante de satisfação pessoal, na autopromoção e na busca desenfreada pela felicidade, que substitui Deus como a fonte última de significado e realização.

2.     Ídolos da tecnologia e entretenimento: a tecnologia e a mídia desempenham um papel significativo na vida das pessoas na pós-modernidade. Os cristãos podem se tornar escravos de dispositivos eletrônicos, redes sociais, jogos e entretenimento, dedicando uma quantidade excessiva de tempo e energia a essas atividades em detrimento da busca de Deus e da comunhão com outros crentes.

3.     Idolatria do consumismo: o consumismo desenfreado é uma característica marcante da cultura pós-moderna. Os cristãos podem ser tentados a buscar a satisfação e a identidade em bens materiais, dinheiro e status social. Quando essas coisas se tornam o foco central de suas vidas, elas se tornam ídolos que competem com Deus.

4.     Idolatria do relativismo: a pós-modernidade muitas vezes enfatiza o relativismo moral, onde a verdade é vista como subjetiva e individual. Os cristãos podem ser influenciados por essa perspectiva, comprometendo suas crenças e valores cristãos em favor de uma mentalidade que acomoda o pecado e a moralidade relativa.

5.     Idolatria do sucesso e realização pessoal: a busca pelo sucesso, reconhecimento e realizações pessoais é uma parte integrante da cultura pós-moderna. Os cristãos podem colocar essas metas acima de sua devoção a Deus, buscando a aprovação dos outros e a realização pessoal como prioridade centrais.

Assim, para evitar a criação de ídolos, os cristãos podem se beneficiar de uma sólida formação espiritual e de um profundo entendimento da fé cristã que inclui:

·      Estudo bíblico: aprofundar o conhecimento das Escrituras para compreender os princípios e mandamentos de Deus;

·      Oração: cultivar um relacionamento íntimo com Deus por meio da oração regular;

·      Comunidade cristã: participar de uma comunidade de fé que oferece apoio, prestação de contas e oportunidades de servir;

·      Discernimento espiritual: praticar o discernimento para identificar ídolos potenciais e reorientar o coração para Deus;

·      Priorização da adoração a Deus: colocar Deus no centro de todas as áreas da vida e buscar Sua vontade acima de tudo.

Em resumo, numa era de constantes distrações e pressões culturais, manter um foco constante em Deus e evitar a criação de ídolos no coração é um desafio, mas é essencial para uma vida cristã autêntica e comprometida.  Assim, devemos buscar uma adoração exclusiva a Deus, reconhecendo que Ele é o único digno de nossa devoção e amor. Coloquemos Deus no centro de tudo o que fizermos e evitaremos qualquer forma de idolatria que ameace nossa fé e relação com Ele. Só o SENHOR é Deus! 

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória


Referência:

KELLER, T. Deuses falsos: as promessas vazias do dinheiro, sexo e poder, e a única esperança que realmente importa. São Paulo: Vida Nova, 2018. 192p.

domingo, 10 de março de 2024

A simplicidade da fé: recebendo o reino de Deus como uma criança

 

Está escrito:

“Digo a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele” (Marcos 10:15).

 

O termo “Reino de Deus” anunciado por Jesus é um conceito central na sua mensagem e teologia. Ele representa a soberania divina e o domínio de Deus sobre todas as coisas. Existem vários aspectos do significado teológico do Reino de Deus de acordo com o ensinamento de Jesus. Vejamos alguns:


1.     Reino Espiritual. Jesus ensinou que o Reino de Deus não é um reino terreno, mas espiritual. Está presente no coração daqueles que aceitam a Deus como seu Senhor e buscam viver de acordo com os princípios do amor, justiça e retidão. É um reino invisível, governado por Deus no interior das pessoas. Você já recebeu o Reino de Deus? Ele governa sua vida? 

 

Certa vez, Jesus foi interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Ele respondeu: “O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’ ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está no meio de vocês” (Lucas 17:20-21). Observe que Jesus está explicando que o Reino de Deus não é um reino terreno visível, mas um reino espiritual que está presente no meio das pessoas, na esfera espiritual e no coração daqueles que o aceitam. Isso destaca a natureza espiritual do Reino de Deus, enfatizando que não está ligado a uma localização geográfica específica ou a uma estrutura terrena, não adianta utilizar o Google Maps ou o Waze que você não vai encontrar, porque é uma realidade espiritual que se manifesta nas vidas daqueles que creem e obedecem a Deus. 

2.     Reino presente e futuro. Jesus também ensinou que o Reino de Deus está presente aqui no meio de nós, mas ainda não está completamente realizado. O Reino de Deus começou com a vinda de Jesus à Terra e continuará a se desdobrar no futuro. A consumação final do Reino ocorrerá na segunda vinda de Cristo. Você tem esperança na volta visível e gloriosa de Cristo? Se sim, ora vem Senhor Jesus!

Nessa perspectiva, Jesus disse a respeito do Reino de Deus no futuro: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo”. Neste versículo, Jesus fala sobre um momento futuro em que o Reino de Deus será plenamente manifestado e herdado pelos justos. Isso indica que, embora o Reino de Deus já esteja presente espiritualmente, haverá uma consumação final no futuro, quando Deus estabelecerá o Seu Reino de forma completa e visível. 

3.     Rejeição do mundo. O Reino de Deus frequentemente envolve uma rejeição dos valores e prioridades do mundo, pois os ensinamentos de Jesus frequentemente contrastam com os valores seculares. Isso significa em viver de maneira contracultural, priorizando o amor ao próximo, a humildade e a justiça. 

O apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos 12:2, exorta os crentes a não se conformarem com o padrão deste mundo, o que implica em não adotar os valores e práticas do mundo real que vivemos porque são contrários aos princípios do Reino de Deus. Em vez disso, ele enfatiza a necessidade da renovação da mente que é parte fundamental da rejeição do mundo em favor do Reino de Deus na perspectiva cristã.

4.     Justiça e misericórdia. O Reino de Deus é caracterizado por justiça e misericórdia. Jesus ensinou a importância de amar o próximo, perdoar os outros e buscar a justiça, especialmente em favor dos marginalizados e oprimidos. 

Jesus em seu sermão do monte, disse: “Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso” (Lucas 6:36). Embora esse versículo em si não mencione diretamente o “Reino de Deus”, ele enfatiza a importância da misericórdia e está alinhado com o ensinamento de Jesus sobre a natureza do Reino de Deus. 


Portanto, o versículo de Marcos 10:15, é uma passagem profundamente significativa na perspectiva teológica. Essa afirmação de Jesus traz à tona muitos elementos essenciais da fé cristã e oferece uma visão única do Reino de Deus e do relacionamento que os crentes devem ter com ele. 


Primeiramente, a comparação do Reino de Deus com a atitude de uma criança é reveladora. As crianças são conhecidas por sua simplicidade, humildade, confiança e dependência. Quando Jesus diz que devemos receber o Reino de Deus como uma criança, Ele está apontando para a necessidade de abordar a espiritualidade com um coração simples, sem arrogância ou pretensão. Isso envolve a humildade de reconhecer nossa dependência de Deus, assim como uma criança depende de seus pais.

 

Além disso, essa passagem destaca a importância da fé. As crianças tendem a confiar facilmente e acreditar sem muito ceticismo. Elas não são sobrecarregadas com dúvidas e preocupações complexas, o que frequentemente pode afetar a fé dos adultos. Receber o Reino de Deus como uma criança envolve uma fé simples e confiante, acreditando no que Jesus ensinou e representou como o Filho de Deus.

 

A metáfora também aponta para a ideia de que o Reino de Deus não pode ser conquistado por méritos humanos ou obras, mas deve ser recebido. É um presente divino que não pode ser alcançado por esforços humanos. Isso reflete o cerne da mensagem cristã, que é a graça de Deus. A entrada no Reino de Deus não é uma questão de merecimento, mas de aceitação e fé na obra redentora de Cristo.

 

Ademais, a imagem de receber o Reino de Deus como uma criança também nos lembra da importância da sinceridade, da pureza de coração e da inocência na nossa relação com Deus. À medida que envelhecemos, muitas vezes acumulamos bagagens emocionais, espirituais e intelectuais que podem dificultar nossa relação com Deus. Receber o Reino como uma criança implica despojar-se dessas barreiras e voltar ao cerne da fé, que é uma relação simples e sincera com o Pai Celestial.

 

Por fim, a mensagem de Marcos 10:15 nos desafia a adotar uma atitude de humildade, fé simples e confiança em nossa relação com Deus e na entrada no Reino de Deus. Ele nos lembra que o Reino de Deus é um dom divino “Graça”, que não pode ser conquistado por esforços humanos, mas deve ser recebido com a mesma simplicidade e dependência de uma criança em relação aos seus pais. Essa abordagem teológica tem implicações profundas na forma como os crentes entendem sua fé e relacionamento com Deus, e serve como um lembrete constante da centralidade da graça divina na vida cristã. Portanto, viva o Reino de Deus no presente e na sua plenitude no futuro eterno. Aleluia!

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

domingo, 3 de março de 2024

Imitando a atitude de Cristo

 

Está escrito:

“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Filipenses 2:5)

 

A Epístola aos Filipenses é uma das cartas escritas pelo apóstolo Paulo e é conhecida por transmitir uma mensagem de alegria e gratidão, apesar das circunstâncias difíceis. É uma das cartas mais inspiradoras de Paulo, que continua a oferecer orientação espiritual e encorajamento aos cristãos até os dias de hoje. 

 

O texto de Filipenses 2:5 é profundamente significativo para a teologia cristã, pois nos convida a adotar a mesma atitude de Cristo Jesus em nossas vidas. Essa atitude é caracterizada por humildade, serviço e amor sacrificial. Nesta breve reflexão, vamos explorar o significado desse versículo à luz de outros textos bíblicos e de teólogos renomados. Então, que atitudes devemos imitar de Cristo Jesus? Vejamos algumas delas:

1.     A importância da humildade. Em Filipenses 2:3, Paulo exorta aos crentes: “nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos”. Esse ensinamento é reforçado por Jesus em Mateus 23:12, em que Ele declara: “Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que si mesmo se humilhar será exaltado”. Portanto, a humildade é uma característica essencial da atitude de Cristo que devemos imitar.

Perceba que Jesus, o Filho de Deus, veio à Terra não como um rei poderoso, mas como um servo humilde. Seus ensinamentos e ações são permeados de humildade, e Ele instou Seus seguidores a imitarem esse exemplo. A humildade é o caminho para nos aproximarmos de Deus. Em Tiago 4:6, lemos: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Aqueles que reconhecem sua necessidade de Deus e se humilham diante Dele são os que recebem Sua graça e experimentam uma relação mais profunda com Ele. Humildade é reconhecer que dependemos inteiramente de Deus para a vida, a salvação e o crescimento espiritual.

 

Além disso, a humildade nos ajuda a reconhecer nosso próprio pecado e a necessidade de redenção. O salmista Davi, por exemplo, demonstrou humildade ao reconhecer seus pecados diante de Deus, leia o Salmo 51. A humildade nos impede de cair na armadilha do orgulho espiritual e nos lembra que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3:23).

2.     O serviço como expressão de amor. A atitude de Cristo Jesus é exemplificada em João 13:1-7, quando Ele lava os pés de Seus discípulos. Neste episódio, Jesus ensina que o verdadeiro líder é aquele que serve. O teólogo Dietrich Bonhoeffer também destacou a importância do serviço, afirmando: “O serviço ao próximo é o verdadeiro culto a Deus”. Portanto, a atitude de servir é central na vida cristã.

3.     Amor sacrificial. A maior expressão de amor sacrificial é a crucificação de Jesus. Em João 15:13, Ele diz: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”. O teólogo reformado Jonathan Edward escreveu sobre o amor divino, enfatizando que o amor de Deus é a fonte do amor sacrificial que devemos demonstrar aos outros. Portanto, a atitude de Cristo implica em amar de forma incondicional e sacrificial.  

Na prática, amar de forma incondicional e sacrificial é um dos maiores desafios do ensinamento cristão, mas também é uma das características fundamentais da fé cristã. No entanto, é importante entender o que significa o amor incondicional e sacrificial que é baseado na ágape, um tipo de amor caracterizado pela bondade, sacrifício e compromisso com o bem-estar do outro, independentemente de merecimento ou retorno. É o tipo de amor que Deus demonstrou pela humanidade ao enviar Jesus Cristo para a salvação.

 

Para amar de forma incondicional e sacrificial, é preciso cultivar a empatia, tentar compreender as necessidades, lutas e sentimentos dos outros, é perdoar sem ressentimento, é praticar o altruísmo em prol do bem-estar dos outros. Requer paciência e disposição a sofrer pelos outros. Lembre-se de que o amor sacrificial não está centrado em satisfazer suas próprias necessidades, mas em servir e cuidar dos outros. Devemos seguir o exemplo de Jesus, estudar Seus ensinamentos e Sua vida para obter inspiração e orientação sobre como amar dessa maneira. Isso é desafiador!

4.     A transformação da mente. A expressão: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”, implica uma transformação da mente e do coração. O apóstolo Paulo escreve em Romanos 12:2: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. A transformação da mente é essencial para adotar a atitude de Cristo.

5.     A comunhão com Deus. A atitude de Cristo também está relacionada à nossa comunhão com Deus. O apóstolo João escreve em 1 João 4:7-8 que: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Portanto, ao imitar a atitude de Cristo, estamos refletindo a natureza de Deus em nossas vidas e crescendo em nossa comunhão com Ele.

Em síntese, Filipenses 2:5 nos desafia a adotar a atitude de Cristo, que é caracterizada por humildade, serviço, amor sacrificial, transformação da mente e comunhão com Deus. Essa atitude não é apenas um ideal a ser buscado, mas é central para a identidade cristã. À medida que buscamos imitar Cristo em nossas vidas, estamos testemunhando o amor e a graça de Deus ao mundo e cumprindo o chamado de Cristo para sermos Seus seguidores.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória