domingo, 19 de junho de 2022

Mentalidade



Está escrito:

“A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz” (Romanos 8:6).

 

O apóstolo Paulo escrevendo sua epístola aos romanos no capítulo 8 defende a tese de que só há vida se vivermos no Espírito. A base de seu argumento está na maneira como a mente pensa e age, ou seja, ele apresenta um dualismo de mentalidade representada por um lado pela “carne” e por outro “Espírito”. 

 

Mas, o que significa esse contraste entre a “carne” e “Espírito”? Na realidade, percebe-se que no meio de uma sociedade depravada que exorta a satisfação dos desejos carnais, torna-se muito difícil manter uma condição de pureza e santidade diante de Deus. Até o apóstolo Paulo tinha essa consciência ao afirmar: “Miserável homem que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Romanos 7:24). 

 

Trata-se de um conflito interior, a luta do “Eu”, minha vontade, contra a consciência “restaurada”. Em outras palavras, a mentalidade da carne guerreando contra a mentalidade do Espírito. No entanto, as Escrituras deixam clara as consequências terríveis de se deixar vencer pela carne e os benefícios de vencê-la. Por isso, disse Jesus: “O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite” (João 6:63).

 

É importante ressaltar que, a expressão “mentalidade da carne” indica a pessoa que tem os pensamentos voltados sobretudo para as coisas deste mundo e que lhe interessa. Ela pensa em: carros, roupas, barcos, esportes, investimentos, viagens, imoralidade sexual, libertinagem, drogas, dinheiro, poder, carnaval, idolatria, feitiçaria, ciúmes, orgias, inveja, política e demais coisas semelhantes. Uma mente carnal vive para este mundo e para a aprovação dos homens, em vez de viver para o reino de Deus. “Mantenham o pensamento nas coisas do alto (mentalidade do Espírito), e não nas coisas terrenas (mentalidade da carne)” (Colossenses 3:2). 

 

Esse é o grande drama da vida cristã nesta geração, a luta contra a mentalidade carnal. Há quem deseja perdoar, mas a mágoa é mais forte. Há quem procura abandonar o vício do álcool, das drogas, da pornografia, mas o desejo é incontrolável. Cônjuges prometem fidelidade diante do altar, mas entregam-se as tentações e ao adultério. Critica-se veementemente a corrupção na política, mas é desonesto nos negócios, no trabalho, nos estudos, na igreja. Conhece o mal que a língua pode causar, mas não consegue frear palavras duras, mentirosas, destrutivas que agridem emocionalmente e socialmente as pessoas. “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo” (Romanos 7:19). Essa tensão permanece na vida de muitos cristãos hoje.

 

Mas, a mentalidade do Espírito é o oposto da carne e deve ser o objeto da nossa mente, o fim e o objetivo das ações. É cultivar as graças do Espírito Santo, que habita em nós, e nos submeter à sua vontade. Ter a mentalidade do Espírito é buscar os sentimentos e pontos de vistas que o Espírito Santos produz e seguir suas orientações.  

 

Nesta perspectiva, como podemos definir a mentalidade do Espírito? A mente espiritual consiste em estar sempre dirigindo os pensamentos às coisas espirituais. “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8); é um real sentimento de satisfação por ter a consciência de um Deus que é o Senhor de sua vida, de forma que a mentalidade do Espírito enxerga a Deus como companheiro constante, alguém que observa cada palavra, ato e pensamento; o Deus que é o doador de toda boa dádiva e que nos protege dia e noite. Quem tem a mente espiritual anda com Deus, agradece a Deus, louva a Deus, confia em Deus e vê em Deus a fonte da força. Quem tem a mente espiritual “pensa” em Deus todos os dias da sua vida.

 

O escrito de Paulo, a respeito da mentalidade do Espírito, significa o “modo de pensar”, uma inclinação mental, de modo que ter a mente espiritual é ser controlado, submisso e obediente ao poder do Espírito Santo. Quando nos deixamos dominar pelo agir do Espírito Santo, deixamos naturalmente nossa maneira de pensar carnal, nossas inclinações e desejos que passam a ser influenciado pelo Espírito Santo de Deus. 

 

E quais as implicações de termos a mentalidade do Espírito? O resultado de termos a mentalidade do Espírito é VIDA e PAZ. Quem não gostaria de ter vida eterna e paz, só um louco renunciaria tamanha promessa. Se mantivermos a mentalidade do Espírito teremos a maior de todas as riquezas que ninguém no mundo pode oferecer. Além disso, nosso coração e nossa mente ficarão plenamente protegidos contra as influências de nossa condição humana frágil. Portanto, seremos capazes de resistir às tentações e teremos ajuda divina para lidar com a contínua luta entre a nossa natureza carnal e o Espírito, enquanto estivermos neste mundo.

 

Por fim, devemos fixar nossa mente em Cristo Jesus, a fim de termos uma vida espiritual que nos leve a pensar nas coisas espirituais e ter prazer nelas. “Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16). 

 

Lembre-se: Deus é bom; seu amor dura para sempre.

  

Um comentário:

Saemmy Albuquerque disse...

Necessário todo dia matar o velho homem, como citou Spurgeon.
Metanoia!