domingo, 8 de setembro de 2024

Filhos de Deus pela fé



Está escrito:

“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26)

 

O apóstolo Paulo, autor da carta aos Gálatas, escreveu essas palavras para enfatizar a igualdade dos crentes diante de Deus, independentemente de sua origem étnica, social ou cultural. Na verdade, ele estava repreendendo os gálatas por buscar a justificação pela lei judaica em vez da fé em Cristo. Nesse contexto, Paulo argumenta que a filiação divina não é alcançada por meio da observância da lei, ou seja, pelos méritos pessoais das nossas ações, mas sim pela fé em Jesus Cristo.

 

Essa declaração paulina é poderosa porque encapsula a essência da teologia cristã. Nesta breve reflexão vamos entender o significado dessa passagem à luz das Escrituras e examinar como ela reflete a filiação divina através da fé em Cristo Jesus.

 

Há um dito popular que diz que “todos somos filhos de Deus”, mas essa premissa não é verdadeira. Paulo argumenta que a fé em Cristo Jesus é o único meio pelo qual as pessoas podem ser justificadas e se tornarem filhos de Deus. Logo, a filiação divina, nesse contexto, não é obtida por meio de genealogia, rituais religiosos ou obras da lei, mas sim pela fé em Cristo.

 

Para reforçar esse argumento, podemos recorrer a outras passagens bíblicas que abordam a filiação divina. João 1:12 diz: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Aqui, João deixa claro que a fé em Jesus é o meio pelo qual as pessoas se tornam filhos de Deus.

 

Além disso, o apóstolo Paulo discute a filiação divina em Romanos 8:15-16: “Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai”. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus”. Aqui, Paulo destaca a relação íntima entre a fé em Cristo, o Espírito Santo e a filiação divina.


Além da Bíblia, podemos recorrer a teólogos cristãos para aprofundar nossa compreensão deste tema. Agostinho de Hipona, em sua obra “Confissões”, escreve sobre como a fé em Cristo nos torna filhos de Deus, afirmando que “Tu nos fizeste para Ti, e inquieto está o nosso coração até que descanse em Ti”. Agostinho argumenta que a busca pela verdadeira filiação e satisfação só pode ser encontrada em Deus, através da fé em Cristo.


Mas, na prática, qual é a importância de sabermos que somos filhos de Deus? Na cosmovisão cristã, ser considerado filho de Deus é de suma importância, pois carrega implicações profundas e significativas para a vida e o destino eterno de um indivíduo. A filiação divina é um conceito central no cristianismo e sua importância pode ser compreendida sob várias perspectivas:

1.     Nosso relacionamento com Deus: Ser um filho de Deus implica em ter um relacionamento pessoal com o Criador do universo. Isso significa que os cristãos têm acesso direto a Deus como seu Pai celestial. Essa relação é baseada no amor, na graça e na intimidade, conforme descrito em passagens como citamos em Romanos 8:15, em que podemos chamar Deus de Pai. Essa proximidade com Deus é uma fonte de conforto, orientação e apoio espiritual.

2.     Nossa identidade e propósito: A filiação divina dá aos cristãos uma identidade única e um propósito significativo em suas vidas. Eles são chamados a viver de acordo com os valores e princípios do Reino de Deus, refletindo a natureza de Deus em suas ações e relacionamentos. Como filhos de Deus, os crentes são chamados a ser luz e sal na Terra (Mateus 5:13-16), influenciando positivamente o mundo ao seu redor.

3.     Nossa herança espiritual: A filiação divina confere aos crentes uma herança espiritual. Eles são considerados co-herdeiros com Cristo, conforme Romanos 8:17, o que significa que compartilham das bênçãos e das promessas de Deus. Isso inclui a promessa da vida eterna, a presença contínua do Espírito Santo e a esperança da ressurreição futura. Essa herança transcende as riquezas terrenas e tem implicações eternas.

4.     Nossa transformação e santificação: Ser filho de Deus implica em um processo contínuo de transformação e santificação. Os crentes são chamados a crescer em santidade e a serem moldados à imagem de Cristo. Esse processo é capacitado pelo Espírito Santo, que habita neles e os capacita a viver de maneira justa e piedosa, conforme 2 Pedro 1:3-4. A filiação divina motiva os crentes a buscar uma vida de retidão e obediência a Deus.

5.     Nossa comunhão com a comunidade de fé: A filiação divina não é uma experiência individualista. Os cristãos são parte da família de Deus, a igreja, onde podem compartilhar sua fé, crescer espiritualmente e se apoiar mutuamente. A comunhão na igreja é um aspecto vital da vida cristã e reflete a ideia de que os crentes são membros do mesmo corpo de Cristo (1 Coríntios 12:12-27).

Em suma, Gálatas 3:26 é um versículo que ressalta a filiação divina como resultado da fé em Cristo Jesus. A filiação não é baseada em méritos humanos ou obras, mas sim na graça de Deus e na fé que aceita Jesus como Senhor e Salvador. Essa filiação nos coloca em uma relação íntima com Deus como nosso Pai celestial e nos torna herdeiros das promessas divinas. Essa verdade é fundamental para teologia cristã e reflete a beleza da salvação pela fé em Cristo. 


Amados, podemos concluir que a filiação divina não é automática, nem genérica para todos os indivíduos, mas condicionada à fé em Cristo, em virtude do pecado humano e à necessidade de redenção. Então, se você, escolher crer em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, você é considerado filho de Deus e entra em um relacionamento de adoção espiritual com Ele, recebendo a promessa da vida eterna e da comunhão com Deus. Assim, nos tornamos irmãos em Cristo Jesus! Aleluia!

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória


Referência:

HIPONA, Aurélio Agostinho. Confissões. Cotia, SP: Pandorga, 2022. 208 p.

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