domingo, 29 de setembro de 2024

A paciência na vida do cristão: uma virtude essencial


 

Está escrito:

“Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor...” (Tiago 5:7)

 

A paciência é uma das virtudes mais valorizadas na vida do cristão, sendo amplamente enfatizada na Bíblia. Ela é fundamental para a vida cristã, pois representa a capacidade de suportar as tempestades da vida, perseverar nas dificuldades e manter a fé em meio às crises. Nesta breve reflexão, abordaremos os argumentos teológicos que sustentam a importância da paciência na vida do cristão.

 

Inicialmente, destacamos que a paciência é um atributo de Deus que os cristãos são chamados a espelhar em suas vidas. A Bíblia nos ensina que Deus é paciente e longânime, mostrando um amor incondicional por sua criação. Em 2 Pedro 3:9, lemos: “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. Essa passagem nos revela a paciência de Deus para conosco, dando-nos a oportunidade de arrependimento e salvação.

 

Além disso, a paciência também é uma evidência da obra do Espírito Santo na vida do cristão. A epístola aos Gálatas 5:22-23 nos apresenta o fruto do Espírito, que inclui a paciência: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”. Aqui, compreendemos que a paciência é um sinal da transformação interior que o Espírito Santo opera naqueles que seguem a Cristo.

 

Ademais, a paciência nos capacita a viver em harmonia com os outros e a perdoar, assim como somos perdoados por Deus. A carta de Paulo aos Efésios 4:2-3, exorta os cristãos a praticar a paciência na convivência mútua: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor”. Essa passagem ressalta a importância da paciência no cultivo de relacionamentos saudáveis e na edificação da comunidade cristã, mas não é fácil pôr em prática, pois vai exigir esforço para suportar as diferenças.


Ainda mais, a paciência nos ajuda a enfrentar as tempestades da vida e a desenvolver o caráter cristão. Tiago 1:2-4, nos diz: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem que falte a vocês coisa alguma”. A paciência é a chave para permanecermos firmes na fé e amadurecermos espiritualmente, através das dificuldades que enfrentamos em nossa jornada de vida.

 

Por fim, a paciência é essencial para o desenvolvimento da esperança cristã. Em Romanos 8:25 encontramos: “Mas, se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente”. Em outras palavras, a paciência nos ajuda a confiar no propósito de Deus para nossas vidas, mesmo quando as respostas e soluções não são imediatas e as vezes é contrária à nossa vontade. A esperança se fortalece quando cultivamos a paciência, sabendo que Deus é fiel para cumprir suas promessas.

 

Então, se eu quiser a partir de hoje ser uma pessoa paciente, pela minha própria vontade eu consigo? Como posso exercer e cultivar a paciência na prática cristã? Para o cristão exercer a paciência na prática da vida, vai requer esforço consciente e uma abordagem equilibrada, levando em consideração os ensinamentos bíblicos e os princípios da fé cristã. Vejamos algumas orientações práticas para cultivar a paciência no dia a dia: 

·      Ore e busque a espiritualidade. A paciência é uma virtude que pode ser desenvolvida pela ação do Espírito Santo em nossas vidas. Portanto, o cristão deve buscar a Deus em oração, pedindo a Ele que o ajude a crescer em paciência e a lidar com as situações de forma mais calma e equilibrada.

·      Medite na Palavra de Deus. A Bíblia é rica em ensinamentos sobre paciência e exemplos de personagens que a praticaram. Meditar na Bíblia diariamente ajuda a fortalecer a fé e a compreender melhor como agir com paciência em diversas circunstâncias. O Salmista diz: “Ao contrário, sua satisfação está na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite” (Sl 1:2).

·      Reconheça a soberania de DeusReconhecer que Deus está no controle de todas as coisas traz tranquilidade ao coração e diminui a ansiedade. Crer que Ele tem um propósito para cada situação e que trabalha para o bem daqueles que o amam, conforme explicita Romanos 8:28, ajuda a enfrentar os desafios com paciência.

·      Controle suas emoções. Praticar o controle emocional é essencial para ser paciente. Isso envolve pausar antes de reagir impulsivamente a uma situação, evitando respostas agressivas ou precipitadas. Não é fácil, exige esforço mental, então respire fundo, conte até dez e busque a sabedoria de Deus antes de agir podem despertar o gatilho da paciência em momentos críticos.

·      Empatia e compreensão. Tentar colocar-se no lugar do outro e entender suas circunstâncias e sentimentos podem ajudar a evitar julgamentos apressados e a responder com mais tolerância e amor. O apóstolo Paulo disse: “Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram” (Romanos 12:15).

·      Aprenda com as crises. Encarar as dificuldades como oportunidades de crescimento e aprendizado pode transformar a perspectiva em relação às provações. A paciência se desenvolve à medida que perseveramos e tiramos lições valiosas das situações difíceis.

·      Pratique o perdão. O perdão é uma forma de exercer a paciência e liberar o ressentimento. Perdoar os outros, assim como somos perdoados por Deus, contribui para relacionamentos saudáveis e para um coração mais tranquilo. Paulo escrevendo aos Colossenses disse: “Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem” (Cl 3:13).

·      Busque apoio em comunidade. A convivência com outros cristãos pode proporcionar encorajamento, conselhos e suporte durante momentos de impaciência. Compartilhar experiências e orar juntos fortalece a fé e o compromisso com a paciência.

·      Dê tempo ao tempo. Nem tudo acontece no ritmo que desejamos. Saber esperar e confiar que Deus age no tempo certo é uma forma valiosa de exercer a paciência.

Em suma, a paciência é uma virtude essencial na vida do cristão, uma vez que reflete o caráter de Deus, demonstra a obra do Espírito Santo em nós, promove a harmonia nas relações interpessoais, fortalece nossa fé em meio às adversidades e nos capacita a nutrir a esperança cristã. Diante de tantos desafios e incertezas no mundo atual, a paciência se mostra como uma âncora para nossa fé, proporcionando-nos perseverança e crescimento espiritual. Que possamos sempre buscar essa virtude em nossas vidas, confiando que Deus é soberano e tem um propósito maior em todas as circunstâncias que enfrentamos.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

domingo, 22 de setembro de 2024

O temor do SENHOR e a obediência aos mandamentos


 

Está escrito:

“Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12:13)

 

Essa passagem bíblica é um versículo fundamental na teologia cristã que expressa princípios centrais da relação entre o homem e Deus. Nesta breve reflexão, examinaremos a importância dessas palavras e suas implicações práticas para uma vida cristã sadia. 

 

A primeira parte do versículo, “Tema a Deus”, destaca a importância do temor do Senhor na vida do crente. É importante ressaltar que este “temor” não se refere a um medo paralisante, mas sim a um profundo respeito, reverência e adoração a Deus. O Salmo 111:10 afirma que: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso”. Esse temor é a base da sabedoria e a sabedoria bíblica está intrinsicamente ligada ao relacionamento com Deus.

 

O temor a Deus também é um tema comum em Provérbios. Por exemplo, em Provérbios 1:7 diz: “O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina”. Aqui, percebemos que o temor a Deus é a base do conhecimento, da sabedoria e da compreensão da vontade divina. Sem esse temor, a compreensão espiritual e moral se torna limitada.

 

A base da sabedoria no contexto do “temor do SENHOR” reside no reconhecimento de que a sabedoria verdadeira e duradoura não pode ser alcançada separada de Deus, por algumas razões fundamentais, quais sejam:

1.     Reconhecimento da soberania de Deus: o “temor do SENHOR” reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas. Isso implica que Deus é a fonte da verdadeira sabedoria, porque Ele é o Criador e Sustentador de todas as coisas. Qualquer busca por sabedoria que negligencie ou desconsidere Deus é fadada a ser limitada e falha.

2.     Submissão à vontade de Deus: o “temor do SENHOR” envolve submissão à vontade de Deus e à Sua orientação. Aqueles que temem a Deus reconhecem que Ele é a autoridade suprema e estão dispostos a obedecer aos Seus mandamentos. Isso os coloca em um caminho de sabedoria, pois seguem os princípios e valores divinos que promovem uma vida reta e justa.

3.     Compreensão da moralidade e ética: o “temor do SENHOR” está intimamente ligado à compreensão da moralidade e da ética, pois os mandamentos de Deus frequentemente envolvem orientações sobre como viver de maneira justa e amorosa. A sabedoria inclui a capacidade de discernir o que é certo e justo, e esse discernimento é aprimorado pelo temor a Deus.

4.     Busca pela verdade e conhecimento: aqueles que temem a Deus têm uma forte motivação para buscar a verdade e o conhecimento, pois reconhecem que Deus é a fonte de toda verdade. Portanto, eles estão inclinados a buscar o entendimento das Escrituras, a reflexão sobre a criação e o crescimento espiritual.

5.     Evitação do pecado e das tolices: o “temor do SENHOR” também impulsiona os crentes a evitarem o pecado e as tolices, pois sabem que desobedecer a Deus é prejudicial à sua relação com Ele e a seu próprio bem-estar espiritual.

 

Então, aqueles que vivem com reverência a Deus estão em uma posição favorável para adquirir e aplicar a sabedoria em suas vidas, independentemente de qualquer que seja a denominação cristã, busque viver de acordo com os princípios divinos e busque a compreensão que só pode vir de uma relação íntima com o Criador. 

 

A segunda parte da passagem de Eclesiastes 12:13, diz: “obedeça aos seus mandamentos”. A ênfase é na obediência à vontade de Deus como o dever de todo ser humano. Isso nos leva à importância da obediência aos mandamentos divinos, que são revelados na Bíblia. Jesus Cristo reafirmou esse princípio em Mateus 22:37-40, quando disse: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.  

 

O amor a Deus e ao próximo resume todos os mandamentos divinos, enfatizando a importância da obediência. Muitos cristãos consideram o ensinamento de Jesus como central e definitivo, guiando a forma como devem viver suas vidas. Acreditam que Jesus cumpriu a lei e os profetas e que Seu ensinamento substitui ou transcende a antiga aliança da Torá. Eles veem os princípios de amor a Deus e ao próximo como a base para interpretar e aplicar os mandamentos, tanto os do Antigo Testamento quanto os ensinamentos específicos de Jesus e de outros autores do Novo Testamento. Mas, o fato é que os ensinamentos de Jesus é a chave para entender e aplicar os mandamentos divinos de maneira significativa e contextualizada à vida contemporânea.

 

Teólogos como Santo Agostinho e Martinho Lutero também destacaram a obediência a Deus como parte fundamental da vida cristã. Agostinho escreveu em sua obra “Confissões” sobre a busca da verdade e da felicidade através da obediência a Deus. Lutero, por sua vez, enfatizou a justificação pela fé, mas também destacou que a fé verdadeira leva à obediência aos mandamentos de Deus como fruto natural da fé.

 

Em resumo, Eclesiastes 12:13 nos lembra da importância do temor a Deus e da obediência aos seus mandamentos como o dever fundamental de todo ser humano. Fica claro que o temor é um profundo respeito e reverência a Deus, enquanto a obediência reflete o nosso amor e devoção a Ele. Essa passagem nos leva a uma vida de sabedoria, conhecimento e relacionamento íntimo com o Criador, e esses princípios são fundamentais na teologia cristã e na vida prática do crente.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

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domingo, 15 de setembro de 2024

Ao Deus Desconhecido

 Está escrito:

“pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente os seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: Ao Deus Desconhecido. Ora, o que vocês adoram sem conhecer, este é o que anuncio a vocês” (Atos 17:23).

 

No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos essa passagem intrigante que nos convida a uma profunda reflexão e a extrairmos valiosas lições sobre a busca por Deus na jornada espiritual. Neste texto, o apóstolo Paulo, ao pregar aos atenienses, faz menção de um altar dedicado ao “Deus Desconhecido”. Esta referência proporciona insights preciosos sobre a natureza humana, a busca espiritual e a revelação divina.


Primeiramente, é importante reconhecer o contexto histórico e cultural em que essa passagem se insere. Atenas, era uma das cidades mais importantes da Grécia Antiga, e era um centro intelectual e politeísta, ou seja, cultuavam diversas divindades. No entanto, os atenienses, em sua busca por compreender o sagrado, erigiram um altar dedicado a um deus que desconheciam. Esta atitude revela a inquietude espiritual inerente à humanidade, uma ânsia por encontrar significado para além do mundo material.


Ao mencionar o “Deus Desconhecido”, Paulo não apenas reconhece a busca dos atenienses por algo maior, mas também aponta para a natureza reveladora de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus se revela de diversas formas: através da criação (Romanos 1:20), da consciência moral (Romanos 2:15), da história e, especialmente, da pessoa de Jesus Cristo (João 14:9). Assim, mesmo quando os seres humanos buscam a divindade de maneira imperfeita ou incompleta, Deus continua se revelando, guiando-os em direção à plenitude da verdade.


As pessoas não vão encontrar Deus nas imagens de esculturas dos templos religiosos, nem tão pouco vão encontrar Deus numa mesa branca ou no batuque do tambor ou em qualquer outra forma de expressão cultural e religiosa. Deus não se revela de qualquer forma, porém devemos estar abertos para reconhecer Sua revelação em nossas vidas, na Bíblia e no mundo ao nosso redor. Conhecer Deus não é adquirir conhecimento teológico, mas envolve uma experiência íntima e pessoal com o Criador.


O apóstolo Paulo, ao se dirigir aos atenienses, não os repreende por sua ignorância, mas os convida a conhecer o Deus verdadeiro. Ele proclama que aquele “Deus Desconhecido” que eles adoravam ignorando seu nome, ele lhes declara. Paulo revela que este Deus não é uma mera construção da mente humana, como uma imagem física ou escultura, mas o Criador do céu e da terra, que não habita em templos feitos por mãos humanas, mas que é soberano sobre todas as coisas (Atos 17:24-25).


Como cristãos podemos aprender diversas lições, a partir dessa passagem. Em primeiro lugar, somos chamados a reconhecer a busca espiritual presente nas culturas e contextos sociais ao redor do mundo. A intensidade e a forma dessa busca podem variar significativamente de acordo com fatores históricos, tradições culturais, influências religiosas, experiências pessoais e até mesmo questões individuais, como predisposição psicológica.


Em muitas culturas, a espiritualidade é uma parte integral da vida cotidiana, permeando todas as atividades e relações. Nessas sociedades, a busca por significado, propósito e conexão com algo maior é frequentemente expressa através de práticas religiosas, rituais, crenças e tradições transmitidas de geração em geração. Portanto, devemos estar atentos às oportunidades de compartilhar a mensagem do Evangelho com aqueles que buscam respostas para suas inquietações espirituais.


Além disso, a passagem nos lembra da importância da revelação divina na nossa própria jornada espiritual. Assim como os atenienses buscavam conhecer o “Deus Desconhecido”, nós também podemos experimentar momentos de desconhecimento ou dúvida em nossa fé. No entanto, assim como Deus se revelou aos atenienses através da pregação de Paulo, Ele continua se revelando a nós através da Bíblia, da oração, da comunhão com outros cristãos e das experiências da vida.


Conhecer a Deus é uma jornada contínua e sincera. Devemos buscá-lo com um coração aberto, disposto a aprender e nos aprofundar nesse relacionamento pessoal com o Pai. O profeta Isaías nos exorta: “Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem por ele enquanto está perto” (Isaías 55:6). Enquanto há vida, há oportunidade de encontrá-lo. Ele está mais perto de você do que imagina. Não desperdice sua vida, pois, após a morte - algo pelo qual todos passarão -, não haverá mais a chance de buscá-lo. Sem Jesus, a eternidade será de separação dEle.


Por fim, somos desafiados a não apenas conhecer intelectualmente a Deus, mas a verdadeiramente nos relacionarmos com Ele. O conhecimento teológico deve sempre nos conduzir a uma vida de adoração e serviço ao Deus que se revelou em Jesus Cristo. Assim, ao refletir sobre o “Deus Desconhecido” dos atenienses, somos incentivados a nos comprometermos com o Deus conhecido e revelado em Cristo, buscando viver de acordo com os Seus desígnios em todas as áreas de nossas vidas.


Em suma, Atos 17:23 nos remete a refletir sobre a busca espiritual da humanidade e a revelação divina. Que possamos, como cristãos, ser sensíveis à busca espiritual ao nosso redor, confiantes na revelação de Deus em Jesus Cristo e sermos comprometidos com uma vida de adoração e serviço ao Deus conhecido e verdadeiro.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

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SHALOM ADONAI


domingo, 8 de setembro de 2024

Filhos de Deus pela fé



Está escrito:

“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26)

 

O apóstolo Paulo, autor da carta aos Gálatas, escreveu essas palavras para enfatizar a igualdade dos crentes diante de Deus, independentemente de sua origem étnica, social ou cultural. Na verdade, ele estava repreendendo os gálatas por buscar a justificação pela lei judaica em vez da fé em Cristo. Nesse contexto, Paulo argumenta que a filiação divina não é alcançada por meio da observância da lei, ou seja, pelos méritos pessoais das nossas ações, mas sim pela fé em Jesus Cristo.

 

Essa declaração paulina é poderosa porque encapsula a essência da teologia cristã. Nesta breve reflexão vamos entender o significado dessa passagem à luz das Escrituras e examinar como ela reflete a filiação divina através da fé em Cristo Jesus.

 

Há um dito popular que diz que “todos somos filhos de Deus”, mas essa premissa não é verdadeira. Paulo argumenta que a fé em Cristo Jesus é o único meio pelo qual as pessoas podem ser justificadas e se tornarem filhos de Deus. Logo, a filiação divina, nesse contexto, não é obtida por meio de genealogia, rituais religiosos ou obras da lei, mas sim pela fé em Cristo.

 

Para reforçar esse argumento, podemos recorrer a outras passagens bíblicas que abordam a filiação divina. João 1:12 diz: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Aqui, João deixa claro que a fé em Jesus é o meio pelo qual as pessoas se tornam filhos de Deus.

 

Além disso, o apóstolo Paulo discute a filiação divina em Romanos 8:15-16: “Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai”. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus”. Aqui, Paulo destaca a relação íntima entre a fé em Cristo, o Espírito Santo e a filiação divina.


Além da Bíblia, podemos recorrer a teólogos cristãos para aprofundar nossa compreensão deste tema. Agostinho de Hipona, em sua obra “Confissões”, escreve sobre como a fé em Cristo nos torna filhos de Deus, afirmando que “Tu nos fizeste para Ti, e inquieto está o nosso coração até que descanse em Ti”. Agostinho argumenta que a busca pela verdadeira filiação e satisfação só pode ser encontrada em Deus, através da fé em Cristo.


Mas, na prática, qual é a importância de sabermos que somos filhos de Deus? Na cosmovisão cristã, ser considerado filho de Deus é de suma importância, pois carrega implicações profundas e significativas para a vida e o destino eterno de um indivíduo. A filiação divina é um conceito central no cristianismo e sua importância pode ser compreendida sob várias perspectivas:

1.     Nosso relacionamento com Deus: Ser um filho de Deus implica em ter um relacionamento pessoal com o Criador do universo. Isso significa que os cristãos têm acesso direto a Deus como seu Pai celestial. Essa relação é baseada no amor, na graça e na intimidade, conforme descrito em passagens como citamos em Romanos 8:15, em que podemos chamar Deus de Pai. Essa proximidade com Deus é uma fonte de conforto, orientação e apoio espiritual.

2.     Nossa identidade e propósito: A filiação divina dá aos cristãos uma identidade única e um propósito significativo em suas vidas. Eles são chamados a viver de acordo com os valores e princípios do Reino de Deus, refletindo a natureza de Deus em suas ações e relacionamentos. Como filhos de Deus, os crentes são chamados a ser luz e sal na Terra (Mateus 5:13-16), influenciando positivamente o mundo ao seu redor.

3.     Nossa herança espiritual: A filiação divina confere aos crentes uma herança espiritual. Eles são considerados co-herdeiros com Cristo, conforme Romanos 8:17, o que significa que compartilham das bênçãos e das promessas de Deus. Isso inclui a promessa da vida eterna, a presença contínua do Espírito Santo e a esperança da ressurreição futura. Essa herança transcende as riquezas terrenas e tem implicações eternas.

4.     Nossa transformação e santificação: Ser filho de Deus implica em um processo contínuo de transformação e santificação. Os crentes são chamados a crescer em santidade e a serem moldados à imagem de Cristo. Esse processo é capacitado pelo Espírito Santo, que habita neles e os capacita a viver de maneira justa e piedosa, conforme 2 Pedro 1:3-4. A filiação divina motiva os crentes a buscar uma vida de retidão e obediência a Deus.

5.     Nossa comunhão com a comunidade de fé: A filiação divina não é uma experiência individualista. Os cristãos são parte da família de Deus, a igreja, onde podem compartilhar sua fé, crescer espiritualmente e se apoiar mutuamente. A comunhão na igreja é um aspecto vital da vida cristã e reflete a ideia de que os crentes são membros do mesmo corpo de Cristo (1 Coríntios 12:12-27).

Em suma, Gálatas 3:26 é um versículo que ressalta a filiação divina como resultado da fé em Cristo Jesus. A filiação não é baseada em méritos humanos ou obras, mas sim na graça de Deus e na fé que aceita Jesus como Senhor e Salvador. Essa filiação nos coloca em uma relação íntima com Deus como nosso Pai celestial e nos torna herdeiros das promessas divinas. Essa verdade é fundamental para teologia cristã e reflete a beleza da salvação pela fé em Cristo. 


Amados, podemos concluir que a filiação divina não é automática, nem genérica para todos os indivíduos, mas condicionada à fé em Cristo, em virtude do pecado humano e à necessidade de redenção. Então, se você, escolher crer em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, você é considerado filho de Deus e entra em um relacionamento de adoção espiritual com Ele, recebendo a promessa da vida eterna e da comunhão com Deus. Assim, nos tornamos irmãos em Cristo Jesus! Aleluia!

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória


Referência:

HIPONA, Aurélio Agostinho. Confissões. Cotia, SP: Pandorga, 2022. 208 p.

domingo, 1 de setembro de 2024

Viver com propósito em um mundo de incertezas


 

Está escrito:

“Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” Efésios 2:10

 

A passagem em reflexão revela uma verdade fundamental sobre o propósito do crente em Cristo: somos criação de Deus, feitos em Cristo Jesus para viver de acordo com o Seu plano, realizando as boas obras que Ele já preparou para nós. Nesse contexto, a questão do propósito na vida cristã assume uma dimensão divina, em nítido contraste com a confusão e as incertezas que caracterizam o mundo.


Na epístola aos Efésios 2, o apóstolo Paulo explora a condição humana antes e depois de Cristo. Nos versículos anteriores, ele descreve a humanidade como “mortos em ofensas e pecados” (Ef 2:1), seguindo os “caminhos deste mundo” (v. 2), afastada de Deus. No entanto, Paulo afirma que Deus, em Sua imensa misericórdia, nos deu vida juntamente com Cristo (v. 5) e nos fez assentar com Ele nas regiões celestiais (v. 6).


Ao chegar ao versículo 10, Paula enfatiza que fomos recriados em Cristo, não apenas para viver uma vida de fé, mas para realizar as boas obras que Deus já preparou para nós. A mensagem central é que a nossa nova identidade em Cristo traz consigo um propósito claro e definido.


Vamos aprofundar o que Efésios 2:10 nos revela quanto aos aspectos essenciais do propósito do crente:

·      Somos feitura de Deus: A palavra “feitura” sugere que somos obras de arte divina, criadas com intenção e cuidado. Nossa existência não é resultado do acaso nem de um processo evolutivo darwiniano, mas do plano criacional e soberano de Deus.

·      Criados em Cristo Jesus: A nossa recriação não é apenas física, mas espiritual. Ao aceitarmos o amor de Cristo pela fé e nos arrependermos dos nossos pecados, somos transformados e regenerados, tornando-nos novas criaturas (2 Coríntios 5:17). Essa nova vida nos capacita a viver de acordo com os padrões divinos, pois recebemos o Espírito Santo.

·      Para boas obras: As boas obras não são apenas uma expressão de nossa fé, mas o fruto de nossa união com Cristo. Deus já as preparou de antemão, o que significa, em Sua onisciência, Ele traçou um caminho específico para cada um de nós.


Amados, o mundo em que vivemos é marcado por incertezas, falta de propósito e uma constante busca por significado. Muitos seguem tendências, ideologias de direita ou de esquerda, ou adotam filosofias que não oferecem uma direção clara para a vida. No entanto, o crente, como obra de Deus, encontra sua direção e propósito em Cristo.


Vivemos em uma era onde a individualidade, o materialismo e o sucesso instantâneo são exaltados, deixando muitas pessoas perdidas, sem compreender o verdadeiro motivo de suas existências. A ausência de uma visão transcendente leva muitos a buscarem satisfação em prazeres temporários como - sexo, drogas e poder – ou em metas superficiais. Como bem observou Bauman, nossa sociedade é “líquida”; as pessoas são frequentemente guiadas por circunstâncias e emoções passageiras.


No entanto, Efésios 2:10 nos convida a adotar uma perspectiva completamente diferente. O crente não vive à mercê dos ventos culturais ou das correntes do mundo, mas tem um propósito que transcende as circunstâncias temporais: viver para a glória de Deus por meio das boas obras que Ele já preparou. Essas obras não são meramente atos de caridade ou moralidade, mas expressões da nossa transformação interior e da nova identidade em Cristo, que se manifesta através de uma fé viva, cujo objetivo é glorificar a Deus e edificar o próximo. Vamos explorar mais profundamente as boas obras que se manifestam através de:


1. Obras de amor ao próximo: Jesus nos ensinou que o segundo maior mandamento, após amar a Deus, é amar o próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39). Nesse contexto, as boas obras incluem atos de bondade, misericórdia e compaixão para com os outros.


2. Serviço na obra de Deus: Cada crente é chamado a desempenhar um papel específico no Corpo de Cristo, a igreja. As boas obras preparadas por Deus envolvem o uso de dons espirituais para o benefício da comunidade cristã e para a expansão do Reino de Deus.


3. Evangelização e testemunho: Uma das principais missões do crente é compartilhar o evangelho, seguindo o exemplo de Cristo e o grande mandamento que Ele nos deu: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). As boas obras também incluem o testemunho, tanto verbal quanto por meio da nossa vida, apontando outros para a salvação em Cristo. 


4. Obras preparadas de maneira específica. Efésios 2:10 nos lembra que Deus já preparou essas obras “de antemão”. Isso significa que Deus tem um plano individual para cada um de nós. Deus guia os passos de Seus filhos, criando oportunidades e abrindo portas para que realizemos as boas obras de acordo com os dons e o chamado particular que recebemos. No entanto, o discernimento dessas obras vem por meio de oração, busca de intimidade com Deus e sensibilidade à direção do Espírito Santo.


Amados, viver com propósito envolve reconhecer que cada aspecto da nossa vida pode e deve ser usado para glorificar a Deus. Quer seja no trabalho, nos relacionamentos ou no serviço à comunidade, tudo que fazemos deve estar alinhado com o propósito divino. Essa compreensão nos dá uma direção clara, mesmo em meio a um mundo repleto de incertezas. 


Saber que Deus preparou boas obras para que andássemos nelas nos traz segurança e confiança. Em vez de vivermos ansiosos ou inseguros quanto ao futuro, podemos descansar na certeza de que Deus já traçou um caminho para nós. Nossa responsabilidade é buscar a Sua vontade, viver em obediência à Sua palavra e confiar em Sua orientação. Isso nos desafia a sermos luz em meio às trevas, mostrando que viver com propósito em Cristo é a verdadeira resposta para as incertezas do mundo.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI