Essa inspiração para ter ideais, não se manifesta quando queremos, mas, também não ocorre sem que antes houvesse algum trabalho de reflexão a respeito. Nesse sentido Max Weber aponta alguma semelhança entre a ciência e a arte, já que o artista precisa antes de tudo, ter idéias criativas para produzir algo. Contudo, há uma diferença importante entre esses dois campos do conhecimento, que é a racionalidade e o empirismo adquirido com o renascimento. A essência da racionalização está na aplicação da técnica com respectiva previsão.
Para entender o significado desses aspectos da ciência para a vida humana, Weber retoma a questão do especialista, ele afirma que, a ciência entrou numa fase de especialização antes desconhecida e que isto continuará. A questão está no fato do que o indivíduo pode adquirir a consciência de que deve realizar algo verdadeiramente perfeito por ser um especialista rigoroso. De fato, somente pela especialização rigorosa o cientista adquiri plena consciência de ter realizado alguma coisa duradoura. Isso exige dedicação íntima à tarefa de fazer ciência e deve elevar o cientista ao auge e à dignidade do assunto a que pretende servir.
Por outro lado, a ciência é dinâmica e pede para ser ultrapassada e superada. Para Weber, quem desejar servir à ciência tem de resignar-se a tal fato. Esse é o destino comum para alguém que se dedica ao conhecimento científico, é a certeza de que jamais pode chegar ao fim. Na realidade, todo progresso da ciência é apenas uma fração do processo de intelectualização ou racionalização, pelo qual estamos passando há milhares de anos. Isto não significa, necessariamente, um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa que esse conhecimento está disponível a qualquer momento, caso quiséssemos acessá-lo. Mas significa, principalmente, que não há forças misteriosas incalculáveis, que podemos interrogar o mundo e o significado das coisas, inclusive o significado de se fazer pesquisa.
Max Weber é um autor refinado no uso dos conceitos. Utiliza-os com a mesma precisão com que o artista emprega as cores. Em seu discurso ele tenta responder algumas indagações com base nas obras de Leão Tolstói e Platão onde retoma com o exemplo do mito da caverna, ressaltando bem a questão de o homem procurar compreender e enxergar a luz do sol e longe da escuridão, onde o sol representaria metaforicamente a razão - com essa comparação é profundamente refletida a epistemologia fundamental para a prática científica consciente, as dificuldades com que o pesquisador se depara.
A burocratização da ciência nas estruturas, a substituição da paixão pela rotina, o surgimento de funcionários do saber, rotinizados e desencantados são alguns dos tantos perigos sobre os quais Weber quis nos advertir. Vale a pena refletir cuidadosamente sobre o significado da ciência como vocação, depois de desaparecidas todas as antigas ilusões? Weber cita Tolstói para responder a essa questão com uma indagação: a ciência não tem sentido porque não responde à nossa pergunta, a única pergunta importante para nós: o que devemos fazer e como devemos viver?
Assim, fazer ciência pela própria fruição do conhecimento, se for por vocação, vale à pena conviver com esse progresso ad infinitum. O significado que a ciência descreve do mundo é explicado por Weber através de diversos saberes: a ciência médica, a ciência natural, a estética, a jurisprudência, as ciências histórica e cultural, a sociologia, economia, ciência política e os tipos de filosofia cultural.
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