domingo, 30 de junho de 2024

A vigilância escatológica à luz de Mateus 24:42


Está escrito:

“Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia o seu Senhor virá” (Mateus 24:42).


Na passagem de hoje, Jesus admoesta seus discípulos a vigiar, porque eles não sabem em que dia Ele virá, isso desencadeia reflexões teológicas profundas sobre a importância da vigilância escatológica na tradição cristã. Este versículo, situado no contexto do discurso escatológico, tornou-se um ponto focal para teólogos que exploram temas relacionados à segunda vinda de Jesus Cristo.


O versículo 42 de Mateus 24 sugere uma atitude constante de vigilância por parte dos seguidores de Jesus, uma prontidão espiritual que deve permear suas vidas diariamente. Nessa perspectiva, teólogos destacam a necessidade de uma fé ativa e uma busca contínua pela justiça, alimentadas pela expectativa da volta iminente do Senhor.


O teólogo  britânico contemporâneo Nicholas Thomas Wright enfatiza que a vigilância não deve ser compreendida apenas como um estado de alerta, mas como um estilo de vida caracterizado pela fidelidade aos ensinamentos de Jesus. Wright argumenta que a vigilância escatológica não implica meramente a antecipação de um evento futuro, mas sim a participação ativa no reino de Deus aqui e agora, como uma resposta de amor e obediência a Deus.


O apóstolo Paulo, em suas cartas, contribui para esse entendimento ao ressaltar a importância da santidade e da perseverança na fé. Em 1 Tessalonicenses 5:6, ele exorta os crentes a estarem “alertas e sóbrios”, destacando a necessidade uma vida cristã equilibrada e alerta para os desafios espirituais.


Além disso, o teólogo reformado João Calvino oferece uma perspectiva que destaca a humildade necessária na vigilância escatológica. Ele argumenta que a incerteza quanto ao tempo da volta de Cristo deve levar os crentes a uma postura de dependência contínua em Deus, cultivando a paciência e a confiança em Sua soberania.


A parábola das virgens prudentes e insensatas em Mateus 25:1-13 também reforça a ênfase na vigilância. Enquanto as virgens prudentes estavam preparadas para a chegada do noivo, as insensatas foram negligentes. Quando o noivo e a noiva apareceram, metade das damas de honra não pôde acender suas lâmpadas, porque não tinha óleo. “Nossas lâmpadas estão se apagando!” disseram. Mas, as damas de honra que tinham óleo conseguiram acender suas lâmpadas e mantê-las resplandecentes. Foram elas que entraram na festa de casamento, não as insensatas que ficaram sem óleo. 


Essa parábola serve como um lembrete de que a vigilância escatológica não é apenas uma questão de conhecimento teórico, mas de preparação prática e constante. Ela parece indicar que nem todos os cristãos professos entrarão no céu, pois alguns não creram de todo coração no Senhor Jesus Cristo. Na verdade, sem o Espírito de Deus e sem a Palavra de Deus, não há salvação verdadeira. Por isso, Jesus termina essa parábola com uma advertência: “Vigiai”. Isso não significa ficar em pé no alto de uma montanha olhando para o céu, mas sim estar desperto e atento.


Mas, para entender como um cristão pode vigiar a volta de Jesus, é importante considerar o contexto e a mensagem geral do discurso. Assim vejamos algumas orientações que podemos extrair:


1. Vigilância espiritual: Jesus está incentivando os seus seguidores a permanecerem vigilantes espiritualmente. Isso implica estar alerta para a fé, praticar os ensinamentos de Jesus e manter uma relação próxima com Deus. A vigilância espiritual envolve a oração, o estudo da Bíblia e a busca contínua pela santidade. 


2. Prontidão para a volta de Jesus: o texto enfatiza que não sabemos o dia nem a hora da volta de Jesus. Portanto, devemos estar sempre prontos. Isso significa viver de maneira que reflita os valores e os ensinamentos de Jesus, para que, se Ele voltar a qualquer momento, seus seguidores estejam preparados.


3. Perseverança na fé: vigiar também está relacionado à perseverança na fé durante desafios e tribulações. O restante do capítulo 24 de Mateus aborda a dificuldade dos tempos finais e a necessidade de permanecer firme na fé, independentemente das circunstâncias.


4. Conhecimento da Bíblia: conhecer a Bíblia é fundamental para a vigilância. Os cristãos devem estudá-la para entender os sinais dos tempos e os ensinamentos de Jesus sobre a Sua volta.


5. Estar alerta para os sinais dos tempos: Jesus fornece alguns sinais que indicarão a proximidade de Sua volta. Embora não saibamos quando, a observação dos eventos ao nosso redor à luz das Escrituras pode ajudar-nos a reconhecermos os sinais dos tempos.


Logo, vigiar a volta de Jesus, envolve uma abordagem holística que inclui aspectos espirituais, éticos e práticos da vida diária do cristão. Essa vigilância não é apenas sobre antecipar eventos futuros, mas também sobre viver uma vida alinhada com os princípios do reino de Deus a todo momento.


Concluindo, Mateus 24:42 e textos relacionados inspiram uma teologia da vigilância que transcende a mera antecipação de um evento futuro. Teólogos contemporâneos e passagens bíblicas convergem para enfatizar que a vigilância escatológica implica uma resposta ativa à fé, uma vida de santidade, amor e serviço enquanto aguardamos a bendita esperança da volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Aliás, essa abordagem não apenas nutre a esperança futura, mas também transforma o presente, moldando a comunidade cristã em agentes do reino de Deus no mundo. Você está preparado para a volta de Jesus? Ora, vem Senhor Jesus!

 

Referência:

Wright, N. T. Surprised by Hope: rethinking heaven, the resurrection, and the mission of the Church. New York: HarperOne, 2008.


Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

Shalom Adonai