domingo, 26 de maio de 2024

Identidade e missão cristã: esperança e a confiança em Deus no sofrimento

 


Está escrito:

“Quanto a mim, eu sei que o meu Redentor vive e que no fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25)

 

A declaração de Jó é uma das mais profundas e impactantes expressões de fé em todo o Antigo Testamento. Em um contexto de intenso sofrimento e adversidade, é natural questionarmos o propósito e o significado de tudo isso. Eu também passei por tribulações e, em meio à dor e ao desespero, encontrei consolo e esperança na certeza da presença do meu Redentor. Este versículo é um testemunho da esperança e da intervenção divina, mesmo em meio ao caos e à confusão que possamos estar vivenciando. 


Amado, mesmo quando não compreendemos totalmente o motivo do nosso sofrimento, podemos confiar na promessa de que nosso Redentor está trabalhando por aqueles que nEle esperam. O livro de Jó é uma obra fenomenal que aborda questões profundas sobre o sofrimento humano e a justiça de Deus. A Bíblia nos diz que Jó era um homem justo e temente a Deus, mas que sofreu imensamente sem motivo aparente. De repente, ele perde seus bens, filhos e saúde. Em geral, a adversidade surge de forma repentina em nossas vidas, tirando-nos da zona de conforto e nos direcionando para caminhos muitas vezes desconhecidos e cheios de incertezas. 


Mas, um fato que nos chama atenção no sofrimento de Jó é que durante seus diálogos com amigos, que insistem que seu sofrimento deve ser resultado de algum pecado oculto, Jó mantém sua integridade e clama por uma explicação divina.


Neste versículo, Jó usa a palavra hebraica “go’el”, traduzida como “Redentor”, que era alguém responsável por resgatar um parente em dificuldades, redimindo terras ou mesmo a liberdade do parente. Esta figura tinha um papel de protetor e vingador de injustiças.


Quando Jó usa a expressão “eu sei”, está denotando uma certeza plena, uma confiança inabalável na verdade que ele está proclamando; “que o meu Redentor vive”, revela que ele acredita na existência e vivacidade do seu Redentor. Esta vivacidade sugere um ser ativo, presente e poderoso para mudar radicalmente a história de sua vida. A frase, “e que no fim se levantará sobre a terra”, pode ser interpretada de duas maneiras: uma visão escatológica em que o Redentor se manifestará no fim dos tempos ou uma intervenção divina em sua situação presente.


Teologicamente, Jó 19:25 é visto como um dos mais antigos testemunhos da crença na ressurreição e na vida após a morte no judaísmo. Jó não só espera a intervenção divina na sua vida presente, mas também sugere uma redenção final e completa. No entanto, a figura do “Redentor” pode ser entendida como uma prefiguração de Cristo. Jesus é visto como o Redentor vivo, que intervém na história humana e garante a ressurreição e a vida eterna aos que creem nEle.


Então, a obra sapiencial do livro de Jó tem muito a nos ensinar e é extremamente relevante para o nosso cotidiano de vida cristã, assim vejamos:

·      Confiança em meio ao sofrimento: a declaração de Jó é um exemplo poderoso de fé em meio ao sofrimento. Cristãos hoje são chamados a manter uma confiança semelhante em Deus, mesmo quando enfrentam adversidades aparentemente inexplicáveis. A certeza de que Deus está presente e ativo deve sustentar a fé dos crentes. 

Sentir confiança no agir de Deus em meio ao sofrimento é um desafio espiritual significativo, mas a Bíblia oferece diversas passagens que proporcionam conforto, esperança e a garantia da presença divina em tempos difíceis. Para isso, precisamos reconhecer a Soberania de Deus. Eu só pude compreender isso plenamente quando vivi minha adversidade pessoal. Foi nesse momento que entendi que Deus está no controle de todas as coisas, inclusive da minha vida. A soberania de Deus significa que nada escapa ao Seu conhecimento ou ao Seu poder (Isaías 55:8-9; Romanos 8:28). 


Aprendi também a lembrar das promessas de Deus, que são fontes de esperança e segurança. Meditar nelas me ajudou a renovar a confiança em meio ao sofrimento, conforme Jeremias 29:11 e Salmo 34:17-18. Outro aspecto fundamental é buscar a presença de Deus em meio ao sofrimento. Isso é crucial e pode ser feito através da oração, leitura da Bíblia e comunhão com outros crentes (Salmos 46:1; Filipenses 4:6-7). Essas práticas me proporcionaram consolo e esperança para um novo recomeço. 

·      Esperança na redenção final: a visão de Jó de um Redentor final proporciona uma esperança escatológica para os cristãos. A crença na ressurreição e na justiça final de Deus oferece conforto e motivação para viver de acordo com os princípios do Reino de Deus, mesmo neste mundo em que vivemos caracterizado pela injustiça e sofrimento.

No entanto, a Bíblia oferece várias bases sólidas para sustentar essa esperança. Através das Escrituras, somos lembrados das promessas de Deus, do exemplo de Cristo e do futuro glorioso que nos aguarda. Por essa razão, precisamos manter viva a confiança nas promessas de Deus, que prometeu restaurar todas as coisas e estabelecer justiça, conforme Apocalipse 21:4 e Romanos 8:18.


Amados, podemos ter total certeza de que a segunda vinda de Cristo é a garantia de que a justiça de Deus prevalecerá e que haverá uma restauração final de todas as coisas. A Palavra de Deus afirma isso e Deus não mente (1Tessalonicenses 4:16-17, Tito 1:2 e 2:13). Portanto, a justiça, o amor e a fidelidade de Deus são âncoras para nossa esperança. Ele é justo e bom, e suas promessas são imutáveis.

·      Identidade e missão cristã: a figura do Redentor também motiva os cristãos a serem agentes de redenção no mundo. Inspirados por Cristo, os crentes são chamados a atuar em favor dos oprimidos, a redimir situações de injustiça e a ser uma presença viva e ativa do amor redentor de Deus na terra. Textos como Mateus 28:19-20, 2Coríntios 5:20, Mateus 5:13-16 e Efésios 2:10 ressaltam claramente nossa identidade e missão cristã: somos filhos de Deus, nova criação em Cristo, santos e amados, chamados a amar a Deus e ao próximo. Essas verdades formam a base da vida cristã e nos guiam em nosso propósito e missão neste mundo.

Concluímos afirmando que Jó 19:25 é uma declaração de fé e esperança que transcende o tempo. A confiança de Jó em seu Redentor vivo serve como um modelo para os cristãos atuais, encorajando uma fé firme em meio ao sofrimento, uma esperança na redenção final e uma dedicação à missão de redenção no mundo presente. Amados, que possamos declarar com confiança: “Eu sei que o meu Redentor vive”, encontrando conforto, esperança e fortalecimento em sua presença constante e em seu amor eterno.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

domingo, 19 de maio de 2024

A interconexão de fé e arrependimento na salvação: uma perspectiva teológica

 

Está escrito:

“testemunhando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus” (Atos 20:21).


A relação entre fé e arrependimento na salvação do homem é um tema de profunda importância na teologia cristã e diversas correntes doutrinárias têm abordado essa questão ao longo dos séculos. A teologia reformada, derivada da Reforma Protestante no século XVI liderada por Martinho Lutero e João Calvino, destaca a primazia da fé no processo de justificação, mas também reconhece a vitalidade do arrependimento. Nesta breve reflexão, exploraremos a interconexão desses dois elementos à luz das Escrituras e das contribuições de teólogos reformados.


É importante observar que há nuances e diferentes correntes dentro da teologia reformada, mas vejamos algumas ideias gerais:

·      Sola Fide (Somente a Fé): a teologia reformada enfatiza fortemente a ideia de “Somente a Fé”. Isso significa que a salvação (reconciliação com Deus e promessa de vida eterna) é alcançada exclusivamente pela fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Acredita-se que a fé é o meio pelo qual os crentes são justificados diante de Deus. Paulo, em suas epístolas, destaca repetidamente o papel crucial da fé na justificação do homem diante de Deus. Romanos 3:28 declara: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”. A fé é vista como o canal pelo qual a graça redentora de Deus é recebida.

·      Arrependimento como resposta à Fé: embora a ênfase esteja na fé, a teologia reformada geralmente reconhece que o arrependimento é uma parte integral da experiência de salvação. O arrependimento, neste contexto, é visto como uma mudança de mentalidade e coração em relação ao pecado e a Deus, é considerado uma resposta lógica e subsequente à fé. Essa mudança está conectada à fé em Cristo que na prática é evidenciada por profunda alteração nos pensamentos, afeições, convicções, compromissos e atitudes. Pedro, em Atos 2:38, após receber o poder do Espírito Santo, foi categórico ao afirmar: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”. Aqui o arrependimento é apresentado como uma expressão prática da fé em Cristo.

·      A ordem lógica e a Soberania de Deus: alguns teólogos reformados argumentam que, enquanto a justificação (ser declarado justo diante de Deus) acontece pela fé, o arrependimento é uma resposta lógica e subsequente à fé. Isso significa que, embora a fé e o arrependimento estejam conectados, a fé é o ponto inicial que leva ao arrependimento. Efésios 2:8-9 enfatiza a natureza graciosa da salvação pela fé, ressaltando que é um dom de Deus, não resultando de obras. A soberania de Deus na obra redentora é enfatizada, indicando que Deus é quem efetua a fé e concede o dom do arrependimento.

Calvino, em suas institutas (instruções ou ensinamentos), aborda a relação entre fé e arrependimento, destacando que a fé é a principal causa da salvação, mas não está desvinculada do arrependimento, que ele considera como uma “anexa” à fé. Lutero, por sua vez, ressalta a natureza contínua do arrependimento na vida do crente, evidenciando sua importância além do momento da conversão.


Não há dúvida que a teologia reformada oferece uma compreensão robusta da interconexão entre fé e arrependimento na salvação do homem. A fé é central, sendo o meio pelo qual a graça divina é recebida, enquanto o arrependimento é a resposta prática e contínua à fé. A análise bíblica e as contribuições de teólogos reformados destacam a complexidade e a harmonia desses elementos no plano redentor de Deus.


Assim, diante o exposto, fica evidenciado que a fé em Deus leva ao reconhecimento do pecado e, consequentemente, ao arrependimento. No entanto, a passagem para a salvação envolve uma transformação ou regeneração espiritual, o reconhecimento do próprio pecado e o desejo de mudança de vida que constitui um ato de conversão que compreende o arrependimento e transformação interior. 


Nesse contexto, no Evangelho de João, Jesus diz a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo” (João 3:3). Nicodemos não entendeu as palavras de Jesus, e Ele explica que não é um nascimento físico, mas espiritual. 


O novo nascimento ou nascer de novo está associado à regeneração espiritual, que envolve o arrependimento e a transformação interior. O ato de nascer de novo é, portanto, visto como um novo começo espiritual, uma transformação interior operada pelo Espírito Santo na vida da pessoa. Daí, Paulo ao abordar a ideia de uma nova criação em Cristo, afirma: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas velhas já passaram, e surgiram coisas novas” (2Coríntios 5:17). Essa passagem reflete a natureza transformadora da experiência de nascer de novo.


Portanto, pode-se perceber que a salvação envolve uma interconexão de elementos, e alguns dos principais são fé, arrependimento e regeneração espiritual:

1.     : a fé é frequentemente vista como central para a salvação. A salvação é recebida pela fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

2.     Arrependimento: o arrependimento é frequentemente considerado como uma resposta à fé. Envolve o reconhecimento do pecado, uma mudança de mente e coração em relação ao pecado e o desejo de se afastar dele.

3.     Regeneração Espiritual: a regeneração espiritual é vista como a obra do Espírito Santo na vida de uma pessoa, transformando-o interiormente. É muitas vezes associada ao conceito de “nascer de novo” ou “ser uma nova criação em Cristo”. 

Em resumo, a salvação envolve a fé como ponto de partida, o arrependimento como uma resposta à fé e a regeneração espiritual como a obra contínua do Espírito Santo na vida do crente. Esses elementos estão interconectados e são considerados partes integrantes do processo de salvação e vida eterna. Em última análise, a salvação é um ato gracioso de Deus, no qual a fé e o arrependimento se entrelaçam, evidenciando a obra soberana do Criador na restauração da humanidade.


Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

Shalom Adonai

domingo, 12 de maio de 2024

O legado de Maria

 

Está escrito:

“Maria respondeu: - Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lucas 1:38).

 

Na celebração do Dia das Mães, é oportuno refletir sobre o legado extraordinário deixado por Maria, a mãe de Jesus, uma figura central na narrativa bíblica e na teologia cristã. Seu papel transcendeu o simples cumprimento de uma missão materna terrena; ela personifica a devoção, a humildade e a força espiritual que inspiram gerações até os dias atuais.


O relato bíblico que serve de base para esta reflexão encontra-se no Evangelho de Lucas, capítulo 1, versículo 38. Neste texto, Maria é visitada pelo anjo Gabriel, que a saúda como “agraciada” e a informa que ela dará à luz um filho, Jesus, o Filho de Deus. Apesar da surpresa e do temor inicial, Maria responde com submissão e fé. A sua resposta revela a profunda confiança e entrega aos propósitos de Deus, é um exemplo de extraordinária devoção e receptividade à vontade divina.


Ela se identifica como a “serva do Senhor”, reconhecendo sua posição de servidora e sua disposição em obedecer ao plano divino, mesmo que isso envolva desafios e mistérios incompreensíveis para ela. Além disso, a declaração de Maria reflete sua fé inabalável em Deus. Ao aceitar o papel que lhe é designado, ela confia na fidelidade e no poder de Deus para cumprir Suas promessas. Sua resposta sugere uma profunda confiança na providência divina, mesmo diante da incerteza e da incompreensão das circunstâncias.


A frase “que aconteça comigo conforme a tua palavra” também revela o estado de espírito de Maria em ser instrumento nas mãos de Deus para a realização de Seus propósitos. Ela está disposta a ser usada por Deus, conforme Sua vontade, aceitando seu papel no plano divino sem reservas ou hesitações. 


Do ponto de vista teológico, o texto em análise, destaca a importância da obediência e da fé na vida do crente. Maria se torna um modelo exemplar de submissão e confiança em Deus, mostrando que a verdadeira grandeza reside na disposição de se render à vontade de Deus e em confiar na soberania e na bondade do SENHOR em todas as circunstâncias.


Mas, o legado de Maria transcende sua maternidade biológica. Ela foi escolhida por Deus para desempenhar um papel crucial na história da redenção, sendo a mãe daquele que viria a ser o Salvador do mundo. Sua disposição em aceitar este chamado, mesmo diante das incertezas e dos desafios que enfrentaria, demonstra sua confiança inabalável em Deus e sua entrega total ao Seu plano.


Além disso, Maria também é reconhecida por sua humildade e serviço. Mesmo diante da grandiosidade de sua vocação, ela permaneceu simples e submissa, reconhecendo que tudo o que acontecia era pela graça e poder de Deus. Sua visita à prima Isabel, registrada no mesmo capítulo de Lucas, é um exemplo disso, quando ela exalta a Deus em seu cântico de louvor, conhecido como o Magnificat, reconhecendo sua pequenez diante da grandeza divina.


Por outro lado, Maria nos deixa um exemplo de como interceder diante de uma necessidade imediata. Me refiro ao primeiro milagre de Jesus ao transformar água em vinho, conforme relato no Evangelho de João capítulo 2. Quando a mãe de Jesus percebe que o vinho acabou durante as bodas, ela se dirige aos servos e diz: “Façam tudo o que ele mandar”. Esta breve declaração encapsula uma profunda verdade teológica e revela a atitude e a função de Maria no ministério de Jesus.


Primeiramente, ao se dirigir aos servos e instruí-los a obedecer a Jesus, Maria reconhece a autoridade e o poder de seu filho. Ela não tenta resolver o problema por conta própria, mas confia em Jesus para intervir e prover uma solução. Essa atitude demonstra a fé de Maria em seu filho como Messias e o Salvador. Além disso, ao dizer aos servos para fazerem tudo o que ele mandar, Maria aponta para a importância da obediência à palavra de Jesus. Ela reconhece que a resposta para a necessidade presente está na capacidade e na vontade de Jesus em agir, e, portanto, instrui os servos a estarem prontos para obedecer às Suas instruções. Isso destaca a centralidade da obediência à vontade de Deus como parte fundamental da vida cristã.


Nesse contexto, a Bíblia nos exorta à obediência e à fé, conforme encontramos em Hebreus 11:6 (NVI): “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam”. Neste versículo, somos lembrados de que a fé é fundamental para agradar a Deus. A fé implica confiar em Sua existência e em Seu caráter, bem como na Sua disposição para recompensar aqueles que O buscam. A obediência está implícita na busca por Deus e na confiança em Sua Palavra, pois obedecemos aos Seus mandamentos ao buscá-lo e confiar em Suas promessas. Assim, este versículo nos exorta não apenas à fé, mas também à obediência como expressões de uma vida que agrada a Deus.


Mas, o legado de Maria também é marcado pela dor e pelo sacrifício. Ela testemunhou o sofrimento e a morte de seu filho na cruz, uma experiência que nenhum pai ou mãe deveria suportar. No entanto, mesmo em meio à dor, ela permaneceu firme em sua fé, confiando no plano redentor de Deus e no poder da ressurreição.


Em suma, o legado de Maria, a mãe de Jesus, é uma fonte de inspiração e encorajamento para todas as mães e para todos os cristãos. Sua vida exemplifica os valores da fé, humildade, serviço e entrega a Deus, e sua devoção inabalável ao Filho de Deus é um exemplo a ser seguido por todos nós. Que possamos honrar e celebrar não apenas as mães em nossas vidas, mas também refletir no exemplo de mulheres na Bíblia, cujo amor e devoção deixaram um legado eterno para toda a humanidade.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

Shalom Adonai

domingo, 5 de maio de 2024

O novo nascimento e os desafios da vida cristã

 

Está escrito:

“Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode pecar, porque é nascido de Deus” (1João 3:9). 
 

A passagem bíblica da reflexão de hoje é um versículo que desafia e inspira os cristãos a compreenderem a natureza da nova vida em Cristo. Vamos procurar entender seu significado e implicações para a vida cristã no presente século.


Em primeiro lugar, é importante nós entendermos o contexto em que o apóstolo João escreveu estas palavras. Ele estava dirigindo-se a uma comunidade cristã que enfrentava desafios internos, incluindo a influência de falsos mestres que distorciam a verdade sobre Cristo e a vida cristã. Nesse contexto, João busca reafirmar a natureza da verdadeira fé e da transformação que ela traz.


Quando João diz “todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado”, ele está destacando a mudança radical que ocorre na vida daqueles que verdadeiramente nasceram de novo. A expressão “nascido de Deus”, refere-se à experiência de conversão e regeneração espiritual que ocorre quando alguém coloca sua fé em Jesus Cristo. Essa nova vida é caracterizada pela presença do Espírito Santo, que habita no crente e capacita-o a viver de acordo com a vontade de Deus.


A frase “porque a semente de Deus permanece nele”, sugere que essa transformação não é apenas superficial, mas tem suas raízes profundamente enraizadas na obra redentora de Deus na vida do crente. A expressão “semente de Deus” indica a presença do próprio Deus dentro do crente, guiando-o e capacitando-o a viver uma vida santa.


No entanto, quando João declara “ele não pode pecar, porque é nascido de Deus”, não está afirmando que o crente é incapaz de cometer pecados em absoluto, mas sim que o padrão geral de sua vida é caracterizado pela santidade e pela busca da vontade de Deus. A nova natureza espiritual do crente o capacita a resistir ao poder do pecado e a viver uma vida que reflete a justiça e a santidade de Deus.


Uma das passagens mais clara em que podemos compreender isso é 1João 2.1: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. Em outras palavras, explica John Piper, João não supõe que, se você pecar, não nasceu de novo. Ele supõe que, se você pecar, tem um Advogado. E apenas aqueles que nasceram de novo têm esse Advogado (Piper, 2011). 


Portanto, a aplicação prática desse texto na vida do cristão é profunda e desafiadora. Primeiramente, ele nos lembra da importância da nossa identidade em Cristo. Como aqueles que foram regenerados pelo poder de Deus e somos chamados a viver de acordo com essa nova identidade, buscando constantemente a santidade e evitando o pecado.


Além disso, esse texto nos encoraja a depender do Espírito Santo para nos capacitar a viver uma vida santa. Não podemos vencer o pecado por nossos próprios esforços, mas através do poder do Espírito Santo que habita em nós e nos possibilita a resistir à tentação e a viver uma vida que honra a Deus, todavia se falharmos, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Você já tem esse Advogado?


Amado, pode ter certeza de que todos aqueles que experimentaram o milagre do novo nascimento enfrentam um desafio contínuo ao lidar no dia a dia com a sua própria pecaminosidade, enquanto vivem na plena convicção de sua salvação. Vejamos algumas maneiras pelas quais podemos enfrentar tal desafio:


a) Consciência da Graça: embora reconheçamos nossa pecaminosidade, os que foram regenerados têm uma compreensão profunda da graça de Deus. Eles sabem que sua salvação não é baseada em seus próprios méritos ou esforços, mas na obra redentora de Cristo na cruz. Isso lhes dá uma segurança e uma esperança firme, mesmo quando lutamos contra o pecado.


b) Arrependimento contínuo: o novo nascimento não significa que os crentes se tornam perfeitos instantaneamente. Eles ainda lutam contra o pecado e muitas vezes falham. No entanto, a experiência do novo nascimento os leva a um padrão de arrependimento contínuo. Eles reconhecem seus pecados, se arrependem deles diante de Deus e buscam a Sua misericórdia e perdão.


c) Confiança na promessa de Deus: os regenerados confiam nas promessas de Deus em relação à sua salvação. Eles acreditam na fidelidade de Deus em cumprir Sua palavra e confiam que Ele é capaz de completar a obra que começou neles. Essa confiança os fortalece em momentos de fraqueza e dúvida.


d) Comunhão com Deus: aqueles que experimentaram o novo nascimento têm um relacionamento íntimo com Deus através de Jesus Cristo. Eles buscam comunhão regular com Ele por meio da oração, leitura da Bíblia e participação na comunidade cristã. Essa comunhão fortalece sua fé e os ajuda a resistir às tentações do pecado.


e) Crescimento espiritual: o novo nascimento é apenas o começo da jornada espiritual do crente. Eles estão em constante processo de crescimento e amadurecimento em sua fé. Isso significa que estão constantemente sendo transformados à imagem de Cristo, à medida que o Espírito Santo trabalha neles para produzir frutos de santidade e justiça.


f) Busca por santidade: embora reconheçam que nunca serão perfeitos nesta vida aqueles que foram regenerados têm um desejo sincero de viver uma vida que glorifique a Deus. Eles se esforçam para viver de acordo com os padrões estabelecidos por Ele em Sua Palavra e buscam crescer em santidade a cada dia.


Por fim, essa passagem nos desafia a examinar nossas próprias vidas à luz da verdadeira fé. Se estamos verdadeiramente nascidos de Deus, nossa vida deve refletir essa realidade através de um compromisso com a justiça e a santidade. Isso implica um processo contínuo de arrependimento, renovação e crescimento espiritual à medida que buscamos nos tornar cada vez mais semelhantes a Cristo. Embora enfrentemos desafios e lutas, nossa confiança deve estar firmemente ancorada na obra redentora de Cristo e na promessa da vida eterna em comunhão com Ele.

 

Referência: 

PIPER, John. Finalmente vivos: o que acontece quando nascemos de novo? São José dos Campos, SP: Fiel, 2011.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

Shalom Adonai