domingo, 19 de janeiro de 2025

Vivendo sob o domínio do Espírito


 

Está escrito em Romanos 8:9 (NVI):Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, este não pertence a Cristo”.

 

A carta de Paulo aos Romanos é amplamente reconhecida como uma das explicações mais profundas e sistemáticas da doutrina cristã. No capítulo 8, ele ressalta que a vida no Espírito é resultado da obra redentora de Cristo. O versículo 9 enfatiza a distinção fundamental entre viver segundo a carne e viver segundo o Espírito, apresentando a habitação do Espírito Santo como a marca distintiva do verdadeiro cristão. Convido você a refletir sobre essa passagem e extrairmos juntos implicações práticas para a vida cristã.

O capítulo 8 de Romanos é o clímax da discussão iniciada por Paulo sobre a justificação pela fé e a libertação do domínio do pecado e da Lei. No capítulo anterior, ele descreve a luta interna entre o desejo de fazer o bem e a incapacidade humana de vencer o pecado por conta própria. Essa tensão é resolvida no capítulo 8, onde Paulo afirma que aqueles que estão em Cristo não vivem mais sob condenação, mas no poder do Espírito Santo. 

No versículo 9, Paulo destaca que os cristãos, diferentemente dos incrédulos, não estão mais sob o domínio da carne (a natureza pecaminosa), mas sob o domínio do Espírito, evidenciado pela habitação do Espírito Santo. Ele também afirma categoricamente que a ausência do Espírito de Cristo indica que a pessoa não pertence a Cristo.

É importante esclarecer que “Espírito de Cristo” e “Espírito Santo” se referem à mesma Pessoa. Embora os termos sejam sinônimos em identidade, eles ressaltam diferentes aspectos de Seu ministério e relacionamento com Deus Pai, Deus Filho e os crentes. Paulo utiliza ambos os termos de forma intercambiável: “Se de fato o Espírito de Deus habita em vocês” (referindo-se ao Espírito Santo) e “Se alguém não tem o Espírito de Cristo” (também referindo-se ao Espírito Santo). Essa intercambialidade reflete a unidade da Trindade, em que o Espírito Santo é enviado tanto pelo Pai quanto pelo Filho, cumprindo o propósito de revelar Cristo e aplicar Sua obra redentora.

Agostinho descreve o Espírito Santo como “o vínculo de amor entre o Pai e o Filho”, destacando Sua obra de unidade entre Deus e os crentes. Já João Calvino enfatiza que o título “Espírito de Cristo” sublinha o papel mediador de Cristo no envio do Espírito Santo. 

Ao explorar a expressão “vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito”, entendemos que “carne” se refere à natureza pecaminosa que governa a vida daqueles que ainda não foram regenerados. Segundo John Stott, a carne é “a vida centrada no ego, marcada pela rebelião contra Deus”. Em contraste, viver “no Espírito” significa estar sob a influência e o poder do Espírito Santo, que capacita o cristão a viver de maneira agradável a Deus.

Quando Paulo afirma: “Se de fato o Espírito de Deus habita em vocês”, o verbo “habitar” (do grego oikeo) indica permanência. Ou seja, o Espírito Santo não é um visitante ocasional na vida do cristão, mas faz morada constante, trazendo transformação e santificação. F. F. Bruce observa que esse é o sinal distintivo de que alguém pertence a Cristo: a presença contínua do Espírito em sua vida. Talvez você se pergunte, como saber se o Espírito Santo habita em mim? 

A verdade de que o Espírito Santo habita em nós, é uma realidade teológica baseada na Bíblia, mas também pode ser evidenciada de maneira prática em nossa vida. A Bíblia declara que o Espírito Santo habita em todo aquele que crê em Cristo como Salvador (1 Coríntios 3:16:"Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?"). Além disso, Jesus prometeu que o Espírito Santo estaria com Seus discípulos e neles habitaria (João 14:16-17: "E eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Conselheiro, que esteja com vocês para sempre: o Espírito da verdade. O mundo não pode recebe-lo, porque não o vê nem o conhece. Vocês, porém, o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês").

Vejamos algumas evidências práticas que essa habitação incluem: 

1. Temos nossa vida transformada (santificação): O Espírito Santo promove mudanças visíveis no caráter e comportamento do crente (Gálatas 5:22-23).

2. Temos convicção do pecado e desejamos santidade: A sensibilidade ao pecado e o anseio de agradar a Deus são evidências claras.

3. Damos testemunho interior de filiação. O Espírito Santo testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8:16). Essa certeza interior de pertencimento é uma das evidências da Sua presença.

4. Desejamos nos capacitar para o serviço. A disposição para servir e edificar outros com os dons recebidos reflete a ação do Espírito Santo. 

5. Sentimos amor pela Palavra de Deus. O Espírito inspira o desejo de conhecer e obedecer à Palavra de Deus (2Timóteo 3:16) e nos auxilia em nossas orações (Romanos 8:26). O anseio por comunhão com Deus é fruto da Sua presença.

Finalmente, a expressão “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, este não pertence a Cristo”, destaca que a presença do Espírito Santo é inseparável da identidade cristã. Como afirma Martyn Lloyde-Jones, “não há cristão sem o Espírito, pois Ele é quem aplica a salvação e testemunha que somos filhos de Deus”. 

Diante de tudo que foi exposto podemos extrair lições práticas para a nossa vida de fé:

  • Temos identidade e pertencimento. O crente tem sua identidade firmada em Cristo. A habitação do Espírito garante não apenas a salvação, mas também o poder para resistir ao pecado.
  • Temos que buscar a santificação e vida no Espírito. A presença do Espírito transforma a nossa mentalidade, conduzindo-nos a uma vida que glorifique a Deus. A busca por uma vida de obediência e comunhão constante com o Espírito deve ser a nossa prioridade.
  • Temos responsabilidade de testemunhar. Como portadores do Espírito Santo, somos chamados a refletir Cristo em nossas ações e palavras, sendo luz para o mundo (Mateus 5:16). Isso inclui uma vida marcada pelo amor, pela graça e pela justiça.

Em suma, Romanos 8:9 nos lembra que a vida cristã não é vivida pela força humana, mas no poder do Espírito Santo que habita em nós. Essa habitação não apenas nos separa do domínio da nossa vontade (carne), mas também nos identifica como pertencentes a Cristo. Que possamos permitir que o Espírito Santo nos transforme diariamente, vivendo como verdadeiros embaixadores de Cristo.

Referências:

  • Stott, John R. W. A Mensagem de Romanos.
  • Bruce, F. F. Romanos: Introdução e Comentário.
  • Lloyd-Jones, Martyn. A Vida no Espírito em Romanos 8.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

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SHALOM ADONAI

domingo, 12 de janeiro de 2025

A justiça de Deus e a vida pela fé


Está escrito: “Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’.” (Romanos 1:17, NVI).

 

Este versículo destacado está inserido no início de uma das cartas mais importantes do apóstolo Paulo. Dirigido à igreja de Roma, a epístola tem como objetivo apresentar as bases do evangelho, defendendo a justiça de Deus e a salvação mediante a fé em Cristo. No versículo anterior, Paulo declara que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, introduzindo o tema central de sua carta: a justificação pela fé. Assim, Romanos 1: 17 serve como uma chave teológica para todo o livro, revelando o caráter de Deus quanto o meio pelo qual o ser humano pode alcançar a justiça divina. Convido você a mergulhar nesta passagem e explorar aspectos teológicos fundamentais a fé cristã.

A frase “O justo viverá pela fé” é uma citação de Habacuque 2:4, mostrando que Paulo fundamenta sua argumentação tanto na revelação do Antigo Testamento quanto na nova revelação em Cristo. A justiça de Deus é o tema principal deste versículo e sua compreensão é essencial para o entendimento da salvação cristã. Aqui, a justiça revelada no evangelho não se refere apenas ao atributo justo de Deus, mas à justiça que Ele concede ao pecador mediante a fé em Jesus Cristo. 

É importante ressaltar que essa justiça não é alcançada por méritos humanos, mas é um dom gratuito oferecido por Deus (Efésios 2:8-9). A expressão “do princípio ao fim é pela fé” enfatiza que a justificação é inteiramente baseada na fé, desde o início do processo de salvação até a vida diária do cristão. Não há mérito humano, apenas uma dependência da graça divina.

Portanto, somente a fé em Jesus Cristo é suficiente para justificar o crente e assegurar-lhe o pertencimento ao Reino de Deus como filho. A justificação pela fé é um dos pilares fundamentais da teologia cristã. Ela significa que o ser humano é declarado justo diante de Deus, não por suas obras ou atos caridosos, mas exclusivamente pela fé na obra redentora de Jesus Cristo. Em Romanos 3:28(NVI), lemos: “Pois sustentamos que uma pessoa é justificada pela fé, independente da obediência à Lei”. Este versículo ensina que a justificação não depende do cumprimento da Lei de Moisés ou por méritos próprios, mas exclusivamente da fé.

Talvez você se pergunte: por que apenas a fé em Jesus nos justifica diante de Deus? Por que não a fé em outros personagens bíblicos, como João, Pedro ou Maria? A resposta é clara: somente em Jesus somos justificados porque Ele é o Cordeiro de Deus, sem pecado, que Se ofereceu como sacrifício perfeito e definitivo pelos pecados da humanidade (Hebreus 10:10-12). Sua morte e ressurreição foram suficientes para satisfazer a justiça de Deus e proporcionar reconciliação entre Deus e os homens (2 Coríntios 5:19-21). 

Então, pela fé, a justiça de Cristo é creditada ao crente, tornando-o justo aos olhos de Deus (Romanos 4:5). Esse ato gracioso de imputação divina não se baseia em obras humanas, mas na obra redentora de. Cristo. Como a Bíblia declara: “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23). Assim, nenhum esforço humano pode alcançar a perfeição exigida por Deus. Somente pela fé no Salvador é possível receber a justiça que vem de Deus.

De forma que, a citação de Habacuque 2:4 reforça a continuidade do plano de Deus ao longo das Escrituras. No contexto original de Habacuque, a frase “o justo viverá pela fé” era uma mensagem de esperança e perseverança em tempos de adversidade. Paulo expande essa ideia ao demostrar que a fé não é apenas um elemento do relacionamento com Deus, mas o fundamento de toda a vida cristã.

Matinho Lutero identificou em Romanos 1:17 o coração da doutrina da justificação pela fé. Ele descreveu esta passagem como a luz que iluminou sua compreensão da graça de Deus, desencadeando a Reforma Protestante. Lutero afirmou que o evangelho não trata da justiça humana, mas da justiça imputada por Deus ao crente. John Stott, em seu comentário sobre Romanos, ressalta que a justiça de Deus é simultaneamente uma revelação e uma provisão divina, destacando que a expressão “pela fé” exclui qualquer esforço humano, enfatizando que a salvação é inteiramente uma obra de Deus.

Diante de tudo isso, o que podemos aprender de Romanos 1:17 para nossa jornada de fé?

  1. Confiar totalmente em Deus. A vida cristã é fundamentada na confiança contínua em Deus, não apenas para salvação inicial, mas para todas as áreas da vida. Somos chamados a depender de Sua justiça, em vez de confiar em nossas próprias forças ou mérito.
  2. Viver pela fé em meio aos desafios. Assim como Habacuque proclamou “o justo viverá pela fé” em tempos de crise, devemos confiar na soberania de Deus e descansar em Suas promessas, mesmo diante das adversidades.
  3. Compartilhar o evangelho. O evangelho revela a justiça de Deus e é o meio pelo qual as pessoas podem ser reconciliadas com Ele. Cabe a nós proclamar essa mensagem com coragem e fidelidade, confiantes no poder de Deus para salvar.
  4. Buscar a santificação continuamente. A fé não é apenas o ponto de partida da jornada cristã; ela sustenta o crente ao longo de toda a sua caminhada. Viver pela fé implica buscar a direção de Deus, crescer em santidade e submeter-se à Sua vontade.

Em suma, Romanos 1:17 é um convite a compreender a profundidade da graça de Deus e a centralidade da fé na vida cristã. A justiça de Deus, revelada no evangelho, é um presente oferecido gratuitamente em Cristo. Somos desafiados a viver pela fé, confiando plenamente em Deus em todas as circunstâncias e testemunhando a glória do evangelho ao mundo. Assim, a frase “O justo viverá pela fé” não é apenas uma verdade teológica, mas uma experiência viva e transformadora na caminhada com Cristo.

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

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SHALOM ADONAI

domingo, 5 de janeiro de 2025

Se confessarmos: o poder transformador do perdão de Deus

 

Está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9).


O versículo de 1 João 1:9 é um dos textos mais consoladores para a vida cristã, pois revela a fidelidade e a justiça de Deus em perdoar os pecados daqueles que os confessam. Esse texto sintetiza o Evangelho, destacando a graça e o amor de Deus em Cristo Jesus. Para compreender plenamente essa mensagem, é necessário analisar seu contexto, explorar sua hermenêutica e refletir sobre a natureza do pecado, o caráter de Deus e a aplicação prática para o nosso dia a dia. Vamos mergulhar nesse rico ensinamento!

A epístola de 1 João foi escrita pelo apóstolo João para encorajar os crentes a viverem na luz, rejeitando as trevas do pecado e as falsas doutrinas. No capítulo 1, o autor enfatiza a comunhão com Deus como fruto de uma vida transparente e genuína. Nesse contexto, 1 João 1:9 contrasta a negação do pecado (v.8 e v.10) com a confissão sincera, apontando o caminho para o perdão e a restauração.

A palavra “confessarmos” no original grego homologeo implica concordar com Deus sobre a gravidade do pecado, reconhecendo-o sem justificativas ou reservas. A fidelidade e a justiça de Deus, mencionadas no texto, remetem à Sua aliança em Cristo, que assegura o perdão e a purificação para aqueles que se arrependem.

Esse versículo destaca Deus como o destinatário da confissão e a fonte do perdão, enfatizando a relação direta do pecador com Ele, sem necessidade de intermediários humanos. Essa ideia é corroborada por outros textos bíblicos: 

  • 1 Timóteo 2:5: Jesus Cristo é apresentado como o único mediador entre Deus e os homens.
  • Hebreus 4:14-16: Jesus, como nosso Sumo Sacerdote, nos concede acesso direto ao trono da graça, onde encontramos misericórdia e perdão.

Embora a Bíblia ensine a confissão direta a Deus, também reconhece o papel da comunidade cristã nesse processo:

  • Tiago 5:16 diz: “Confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados”. Esse texto destaca o apoio mútuo, no qual a confissão promove cura e restauração no corpo de Cristo.
  • Mateus 18:18-2: Sugere que a igreja possui autoridade espiritual para lidar com questões de pecado, mas sempre subordinada ao papel de Deus como juiz e redentor.

Esses textos são compreendidos como orientações para a comunhão e reconciliação na comunidade cristã e não como substituto à confissão direta a Deus.

Talvez você se pergunte: o que é pecado? Na perspectiva bíblica, o pecado é a transgressão da Lei de Deus (1 João 3:4) e uma rebelião contra Sua santidade. Ele não se limita a ações externas, mas reflete uma condição interna que afeta todos os aspectos do ser humano (Romanos 3:23). O pecado separa o homem de Deus (Isaías 59:2), trazendo condenação e rompendo a comunhão com o Criador.

Contudo, o pecado não é apenas uma questão legal diante de Deus, mas também relacional. Ao pecar, o ser humano rompe sua comunhão com Deus, necessitando de restauração por meio do arrependimento e da confissão. É nesse contexto que Deus revela Sua fidelidade e justiça, perdoando os pecados através da obra redentora de Jesus Cristo. 

Deus é fiel porque cumpre Suas promessas, e justo porque o preço pelo nossos pecados foi plenamente pago na cruz (Romanos 3:25-26). Em Cristo, a justiça de Deus é satisfeita, permitindo que Ele perdoe sem comprometer Sua santidade.

Portanto, Jesus, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), é o único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Por meio de Sua morte e ressurreição, Ele oferece perdão e purificação de “toda injustiça”, abrangendo tanto a culpa quanto a contaminação causada pelo pecado.

1 João 1:9 nos ensina ao menos quatro lições práticas para a vida cristã:

  1. Viver uma vida de confissão e transparência: Devemos confessar nossos pecados com sinceridade e regularidade, reconhecendo nossa total dependência da graça de Deus. A confissão promove humildade e preserva nossa comunhão com Deus e com o próximo.
  2. Confiar na fidelidade de Deus: A certeza de que Deus é fiel e justo traz paz e segurança, mesmo em momentos de fraqueza. Não há pecado tão grande que o sangue de Cristo não possa purificar.
  3. Crescer na santificação: A purificação de “toda injustiça” é um chamado para uma vida de santidade. O perdão recebido nos capacita a abandonar práticas pecaminosas e glorificar a Deus com nossas vidas.
  4. Estender o perdão ao próximo: Assim como Deus nos perdoa, somos chamados a perdoar os outros (Efésios 4:32). O perdão divino deve ser o modelo para nossos relacionamentos.

Em suma, 1 João 1:9 é um convite à liberdade espiritual por meio da confissão dos pecados e da confiança na fidelidade e justiça de Deus. Este versículo não apenas assegura o perdão, mas também inspira uma vida de gratidão e santidade. Que essa verdade fortaleça a sua fé e o motive a viver na luz, desfrutando da comunhão com Deus e com a comunidade de fé.

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

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SHALOM ADONAI

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Vejam! Deus está fazendo uma coisa nova em sua vida

Está escrito: "18Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. 19Vejam, farei uma coisa nova! Ela está prestes a acontecer! Vocês não a percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo” (Isaías 43:18-19 - NVI)

 

Isaías 43 faz parte da seção do “segundo Isaías” que vai do capítulo 40 a 55, em que o profeta transmite mensagens de consolo e restauração ao povo de Judá exilado na Babilônia. Após um período de julgamento e sofrimento, Deus, por meio de Isaías, anuncia o retorno do povo à Terra Prometida e a renovação de Sua aliança. O texto está inserido em um contexto de esperança, destacando o poder redentor de Deus, que não apenas resgata, mas também transforma realidades aparentemente impossíveis.

A expressão “esqueçam o que se foi” não implica desconsiderar os feitos de Deus no passado ou ignorar eventos marcantes, como mágoas, culpas ou relacionamentos difíceis. Em vez disso, convida-nos a não viver presos a essas lembranças que podem impedir o reconhecimento do que Deus está realizando no presente. Neste início de ano, reflita na perspectiva de que Deus está fazendo algo novo em sua vida. Ele pode surpreendê-lo de forma extraordinária.

Deus é soberano para realizar algo novo, mesmo em circunstâncias adversas. Ele é o Criador, capaz de trazer vida ao deserto e de transformar o caos em um lugar de provisão. Esse “novo” pode ser entendido como a libertação daquilo que te prende, mas também aponta para um futuro com promessas de renovação e restauração. Em Apocalipse 21:5, lemos: “Vejam, eu farei novas todas as coisas!”. Essa é uma promessa de Deus para nossas vidas, que reafirma Sua soberania e fidelidade em transformar todas as coisas.

O deserto mencionado em Isaías 43:19 simboliza esterilidade, desafios e solidão. Contudo, Deus promete abrir “um caminho” e fazer “riachos no ermo”. Isso indica que não existem barreiras intransponíveis para o agir de Deus. Teologicamente, essa mensagem reflete a capacidade de Deus de reverter cenários de difíceis, trazendo vida e provisão onde antes havia apenas desolação. É um poderoso lembrente de que, mesmo em tempos de deserto espiritual ou emocional, Deus tem o poder de renovar, restaurar e transformar. 

O convite para esquecer o passado é um chamado à fé e à renovação de esperança. Deus estava pedindo a Israel que não se limitasse à memória das glórias ou dores passadas, mas confiasse no poder contínuo e dinâmico do Senhor. O apóstolo Paulo ecoa essa ideia em Filipenses 3:13-14: “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. 

Este texto reflete a instrução de Paulo para que os crentes abandonem o que já passou – erros ou sucessos – e foquem no propósito futuro que Deus tem para suas vidas. É um chamado para avançar com determinação e fé, olhando para Jesus, o Senhor de nossas vidas.

Que lições podemos extrair de Isaías 43:18-19 para o ano novo que estamos começando a viver?

1. Libertar-se do passado. Ao iniciar um novo ano, somos frequentemente tentados a carregar as bagagens emocionais, espirituais e circunstanciais do passado. Deus nos convida a abandonar aquilo que nos prende: fracasso, culpas e até mesmo vitórias que podem limitar a visão de um futuro maior. Um coração renovado é essencial para experimentar o que Deus quer fazer.

Reconheça e entregue a Deus o peso do passado que te prende, como mágoas, culpas ou arrependimentos, e entregue-os ao Senhor em oração. Ele tem o poder de aliviar o peso que impede você de avançar. “Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1Pedro 5:7).

Aceite o perdão de Deus e perdoe a si mesmo. Aceitar o perdão de Deus é essencial para abandonar o peso do pecado. Também é importante perdoar a si mesmo e reconhecer que Deus não define você pelo seu passado. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:9). Além disso, decida perdoar os outros. Guardar mágoas apenas prolonga a dor. Perdoar não significa ignorar o erro, mas libertar-se da prisão emocional e permitir que Deus seja o juiz. Como diz Paulo: “Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou” (Colossenses 3:13).

2. Expectativa pelo novo de Deus. Deus continua realizando coisas novas em nossas vidas. Ele pode transformar desertos – situações áridas de nossas vidas, como problemas financeiros, desafios de saúde ou crises relacionais – em lugares de provisão. Esteja atento para perceber os caminhos que Ele está abrindo e os “riachos no ermo”. 

3. Fé e perseverança. O processo de transformação nem sempre é instantâneo. O início de um ano é um convite para confiar na soberania de Deus e perseverar, mesmo quando os resultados não são imediatamente visíveis. “Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu” (Hebreus 10:36 NVI). Este texto nos encoraja a permanecermos firmes na fé, mesmo diante de desafios, e a confiarmos na fidelidade de Deus para cumprir Suas promessas. A perseverança é apresentada como uma virtude indispensável para alcançar as bênçãos e os propósitos de Deus.

4. Viver o presente com propósito. Assim como Deus conduziu Israel com um propósito, Ele também guia cada um de nós. Nosso papel é viver com intencionalidade, buscando ouvir a voz de Deus, identificar Seus sinais e responder com obediência.

Em suma, Isaías 43:18-19 nos desafia a abraçar o poder renovador de Deus e a viver com expectativa pela Seu agir em nossas vidas. Ele nos convida a abandonar o que já passou e a confiar plenamente em Suas promessas. Ao começarmos um novo ano, essa passagem nos lembra que Deus é fiel em realizar algo novo e transformador, independentemente das circunstâncias.  Que 2025 seja marcado pela abertura dos “caminhos no deserto” e pela percepção das “coisas novas” que Deus deseja realizar em nossas vidas, para Sua glória e nosso crescimento espiritual. 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI