domingo, 13 de outubro de 2024

O silêncio de Deus e o som de uma brisa suave

 

Está escrito:

“Depois do terremoto, houve um fogo, mas o SENHOR não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave” (1Reis 19:12 – NVI).

 

O relato do encontro de Elias com Deus no monte Horebe, é uma passagem rica em simbolismo e profundos ensinamentos espirituais. Após uma série de manifestações poderosas da natureza – vento, terremoto e fogo -, Elias finalmente ouve um som de uma suave brisa, representando a forma como Deus escolhe Se revelar em momentos de quietude. Este cenário nos convida a refletir sobre o silêncio de Deus em meio às provações e a como podemos lidar com essas situações, especialmente quando parece que Deus não está presente nas grandes manifestações que esperávamos.


Para compreendermos essa passagem bíblica, é importante contextualizar os fatos. No capítulo 19 de 1Reis, encontramos o profeta Elias em um estado de desespero. Após derrotar os profetas de Baal, ele foge para o deserto, sentindo-se isolado, desencorajado e temeroso por sua vida, devido à perseguição da rainha Jezabel. Esse momento na vida de Elias reflete um período de grande angústia, dúvida e desesperança – experiências que, acredito, são comuns para os crentes que enfrentam adversidades e têm dificuldades em discernir a presença ou a voz de Deus.


Quando Elias chega ao monte Horebe, ele espera encontrar Deus de maneira apoteótica, mas Deus não estava no vento, nem no terremoto ou no fogo, ambos símbolos de poder e catástrofe. Ao contrário, Ele se revela por meio de um som de uma suave brisa, ensinando que, muitas vezes, a presença de Deus se manifesta de maneira discreta e silenciosa. Querido(a), o silêncio de Deus não significa Sua ausência, mas sim uma revelação que exige sensibilidade espiritual para ser compreendida.


Eu também passei por uma experiência marcante em minha vida, onde quase fui levado ao desespero. Orava, clamava e passava muitas noites em lágrimas, buscando uma resposta para o porquê de tanto sofrimento e perseguição. No entanto, o que eu ouvia era apenas o silêncio de Deus. A princípio, foi angustiante, mas, por trás das minhas dúvidas, Deus estava trabalhando silenciosamente. O Espírito Santo começou a acalmar minha alma e me ajudou a enxergar coisas que eu não conseguia ver devido à aflição.


Muitos crentes, em suas jornadas espirituais, enfrentam esses momentos desafiadores. Isso já havia sido previsto, pois Jesus disse: “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33-NVI). Em tempos de aflições, doenças, perda, luto ou qualquer outra crise, a ausência de uma resposta clara para nosso problema pode suscitar questionamentos sobre o cuidado e o amor de Deus. Elias também esperava uma intervenção grandiosa de Deus, mas foi confrontado com a realidade de que, muitas vezes, Ele escolhe falar de maneira sutil. A experiência que vivi me trouxe algumas lições que gostaria de compartilhar:


1. Deus trabalha no silêncio: O silêncio de Deus não significa inatividade ou abandono. Muitas vezes, Ele está operando nos bastidores, moldando nosso caráter, fortalecendo nossa fé e nos ensinando a depender dEle, mesmo quando não sentimos Sua presença de maneira palpável. Esse é nosso Deus que “desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” (Isaías 64:4-NVI).


2. O valor do silêncio para o discernimento: Em meio ao caos da vida, é comum buscarmos sinais visíveis e sobrenaturais como evidência da presença de Deus. No entanto, o silêncio divino nos oferece uma oportunidade única para desenvolver a paciência, a confiança e a sensibilidade espiritual. Assim como Elias teve que esperar até ouvir o som suave de uma brisa, também somos chamados a aprender a escutar a voz de Deus, que muitas vezes fala de forma sutil, como uma brisa suave no rosto, ao invés de trovoadas e manifestações grandiosas.


3. Confiança em meio à adversidade: Quando Deus parece silencioso, somos convidados a confiar que Ele permanece soberano e atuante. Da mesma forma que Elias foi renovado em sua missão após esse encontro com Deus, podemos encontrar nova força ao descansar na certeza de que Ele está conosco, mesmo no silêncio. Jesus nos garantiu em Mateus 28:20 – “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. 


Mas, a pergunta que exige resposta é, o que fazer no silêncio de Deus? Embora não haja uma resposta definitiva, minha experiência pessoal me desafiou a manter uma atitude de fé e perseverança. Algumas práticas que me ajudaram podem ser úteis para aqueles que enfrentam situações difíceis na vida. Vamos explorar algumas delas:

1. Persista na oração: Mesmo quando não sentimos que nossas orações estão sendo respondidas, devemos continuar buscando a Deus. A oração é um meio de alinhar nossa vontade à de Deus, e muitas vezes, nesse processo, somos transformados. Aprendi que, mais do que minha vontade, o que importa é o propósito de Deus para minha vida.


2. Medite na Palavra: A Bíblia é uma fonte constante de revelação de Deus e uma companheira inseparável para aqueles que temem ao SENHOR. Mesmo quando não ouvimos uma “voz audível”, podemos ouvir Deus falar por meio das Escrituras. A Palavra é viva e eficaz, e é através dela que o Espírito Santo nos guia, fortalece e conforta.


3. Busque comunhão com os irmãos na fé: Elias, em sua solidão, pensou que era o único profeta restante, mas Deus o corrigiu, revelando que havia outros que não se dobraram a Baal. O isolamento, especialmente daquelas que compartilham a mesma fé, pode intensificar o sentimento de abandono. Ao compartilhar nossas lutas com pessoas que se importam, encontramos apoio e encorajamento. Deus não nos criou para vivermos isolados; somos seres que necessitam de comunhão.


4. Aguarde com paciência: O silêncio de Deus é um convite à paciência. Nossa geração, com sua natureza imediatista, deseja soluções rápidas para tudo, mas a realidade da vida não segue esse ritmo. Assim como o agricultor espera pacientemente pela colheita, devemos aprender a esperar o tempo de Deus, confiando que Ele está preparando algo maior. Eu me identifico muito com o Salmo 40, especialmente no versículo 1: “Esperei com paciência pelo SENHOR, e Ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor”.


Concluímos, afirmando que a presença de Deus nem sempre se manifesta em grandes eventos de poder; muitas vezes, ele se revela nos momentos de silêncio e tranquilidade. Quando o crente atravessa momentos difíceis, é chamado a confiar em Deus, memo quando Ele parece silencioso. Esse silêncio não indica ausência, mas é uma oportunidade de aprofundar nossa fé, aprender a ouvir o “sussurro suave” da Sua voz e descansar na certeza de que Ele está sempre presente, operando em nós e por meio de nós.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

domingo, 6 de outubro de 2024

Escolha de líderes: uma perspectiva bíblica na contemporaneidade


 Está escrito:

“Escolha, porém, dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e que odeiam o ganho desonesto” (Êxodo 18:21).

 

O livro de Êxodo, na Bíblia, apresenta uma narrativa rica em ensinamentos e princípios que transcenderam séculos, influenciando não apenas a esfera espiritual, mas também aspectos práticos da vida em sociedade. O versículo em pauta, destaca a importância da escolha de lideranças, apontando características fundamentais para orientar tal seleção: homens ou mulheres capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e que odeiam o ganho desonesto ou a corrupção. Nesta breve reflexão, vamos pensar um pouco nestes quatro critérios básicos na ascensão de um líder.


1. Capacidade e competência: no contexto contemporâneo, a escolha de líderes é muitas vezes permeada por critérios superficiais, como popularidade ou habilidades retóricas. No entanto, a capacidade, mencionada no texto, vai além das habilidades técnicas. Teólogos como John C. Maxwell, ressaltam a importância de líderes possuírem não apenas habilidades técnicas, mas também habilidades interpessoais e emocionais. A capacidade de liderança deve refletir integridade, sabedoria e discernimento.


No contexto teológico, a capacidade e competência referem-se a uma combinação de habilidades, virtudes e qualidades que capacitam um líder a desempenhar suas responsabilidades de maneira eficaz e ética. Vejamos alguns aspectos fundamentais desse conceito:

·      Habilidades técnicas e conhecimento: não temos dúvidas de que essas habilidades são importantes. Líderes eficazes geralmente possuem conhecimentos específicos relacionados à sua área de atuação. 

·      Habilidades interpessoais: essa habilidade é a capacidade de se comunicar de maneira eficaz, resolver conflitos, motivar e inspirar outros. 

·      Integridade e ética: a competência de um líder não é completa sem a presença da integridade e ética em suas ações. A capacidade de tomar decisões éticas, agir com honestidade e cultivar um ambiente de confiança são aspectos críticos da competência de liderança. A integridade é fundamental para construir relacionamentos sólidos e sustentáveis.

·      Empatia e inclusão: a capacidade de compreender e se relacionar com as necessidades e perspectivas dos outros é uma característica cada vez mais valorizada em líderes contemporâneos. A inclusão, a diversidade e a equidade são componentes importantes da competência de liderança.

2. Temente a Deus: a dimensão espiritual da liderança não pode ser subestimada. Teólogos como Timothy Keller destacam a necessidade de líderes serem orientados por princípios éticos e morais derivados da sua fé. O temor a Deus, mencionado no texto, não se refere apenas à reverência, mas à busca constante por uma vida alinhada com os valores do Reino de Deus, refletindo uma conduta justa e compassiva. 


É importante destacar que essa característica vai além de uma observância superficial de práticas religiosas, qualquer que seja. Ela reflete a integração da fé na tomada de decisões, no comportamento e na ética do líder. Vamos esclarecer um pouco mais alguns aspectos essenciais dessa qualidade:

·      Obediência aos princípios divinos: ser temente a Deus implica em viver de acordo com os princípios e mandamentos divinos. Isso não se limita apenas à observância de rituais religiosos, tipo fariseu da modernidade, mas se estende ao compromisso de viver uma vida ética, justa e alinhada com os valores morais ensinados pela fé cristã.

·      Busca por sabedoria: o temor a Deus envolve a busca constante por sabedoria. Isso significa reconhecer a limitação humana e depender da orientação de Deus nas decisões importantes. Teólogos contemporâneos, como Timothy Keller, destacam a importância da sabedoria bíblica na liderança, buscando discernimento divino para lidar com desafios complexos.

·      Responsabilidade perante Deus: a consciência da responsabilidade perante Deus é uma parte integral do temor a Ele. Líderes tementes a Deus reconhecem que serão responsáveis não apenas perante as pessoas, mas também diante do Criador, o Todo-Poderoso Deus, prestando contas de suas ações, decisões e o impacto que têm sobre outros. 

·      Cultivo da espiritualidade pessoal: líderes tementes a Deus dedicam tempo ao desenvolvimento espiritual pessoal. Isso inclui práticas como oração, leitura da Bíblia, reflexão e adoração. Esses aspectos fortalecem a conexão do líder com Deus, moldando sua perspectiva, valores e atitudes. 

·      Humildade diante de Deus: o temor a Deus está intrinsecamente ligado à humildade. Líderes que reconhecem a grandiosidade e santidade de Deus mantêm uma postura de humildade, reconhecendo que a verdadeira liderança é um serviço aos outros, em conformidade com o exemplo de Jesus Cristo.

3. Dignos de confiança: a confiança é um alicerce crucial na liderança. Nesse sentido, autores como Patrick Lencioni, ressaltam a importância da vulnerabilidade e transparência para construir relações de confiança. Líderes dignos de confiança são aqueles que são autênticos, admitindo seus erros e sendo fiéis aos seus compromissos.


4. Odeiam o ganho desonesto ou a corrupção: a aversão ao ganho desonesto ou corrupção remete à integridade financeira e ética. Em um mundo marcado por corrupção e em especial no Brasil, que ocupa a 104ª colocação no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, teólogos contemporâneos, como Ron Sider, destacam a necessidade de líderes serem exemplos de retidão e justiça. A liderança ética não apenas impacta a esfera espiritual, mas também contribui para o bem-estar da sociedade como um todo.


Portanto, à luz do versículo Êxodo 18:21, a seleção de líderes (representantes) é um processo complexo que vai além de critérios meramente pragmáticos. A capacidade, o temor a Deus, a confiança e a integridade são elementos cruciais que devem nortear a escolha de seus representantes na sociedade contemporânea. Que esta reflexão nos guie nas eleições de hoje, fornecendo uma base sólida para a escolha de líderes (prefeitos e vereadores) comprometidos com o bem comum e com os valores do Reino de Deus.  

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM SHALOM

domingo, 29 de setembro de 2024

A paciência na vida do cristão: uma virtude essencial


 

Está escrito:

“Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor...” (Tiago 5:7)

 

A paciência é uma das virtudes mais valorizadas na vida do cristão, sendo amplamente enfatizada na Bíblia. Ela é fundamental para a vida cristã, pois representa a capacidade de suportar as tempestades da vida, perseverar nas dificuldades e manter a fé em meio às crises. Nesta breve reflexão, abordaremos os argumentos teológicos que sustentam a importância da paciência na vida do cristão.

 

Inicialmente, destacamos que a paciência é um atributo de Deus que os cristãos são chamados a espelhar em suas vidas. A Bíblia nos ensina que Deus é paciente e longânime, mostrando um amor incondicional por sua criação. Em 2 Pedro 3:9, lemos: “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. Essa passagem nos revela a paciência de Deus para conosco, dando-nos a oportunidade de arrependimento e salvação.

 

Além disso, a paciência também é uma evidência da obra do Espírito Santo na vida do cristão. A epístola aos Gálatas 5:22-23 nos apresenta o fruto do Espírito, que inclui a paciência: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei”. Aqui, compreendemos que a paciência é um sinal da transformação interior que o Espírito Santo opera naqueles que seguem a Cristo.

 

Ademais, a paciência nos capacita a viver em harmonia com os outros e a perdoar, assim como somos perdoados por Deus. A carta de Paulo aos Efésios 4:2-3, exorta os cristãos a praticar a paciência na convivência mútua: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor”. Essa passagem ressalta a importância da paciência no cultivo de relacionamentos saudáveis e na edificação da comunidade cristã, mas não é fácil pôr em prática, pois vai exigir esforço para suportar as diferenças.


Ainda mais, a paciência nos ajuda a enfrentar as tempestades da vida e a desenvolver o caráter cristão. Tiago 1:2-4, nos diz: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem que falte a vocês coisa alguma”. A paciência é a chave para permanecermos firmes na fé e amadurecermos espiritualmente, através das dificuldades que enfrentamos em nossa jornada de vida.

 

Por fim, a paciência é essencial para o desenvolvimento da esperança cristã. Em Romanos 8:25 encontramos: “Mas, se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente”. Em outras palavras, a paciência nos ajuda a confiar no propósito de Deus para nossas vidas, mesmo quando as respostas e soluções não são imediatas e as vezes é contrária à nossa vontade. A esperança se fortalece quando cultivamos a paciência, sabendo que Deus é fiel para cumprir suas promessas.

 

Então, se eu quiser a partir de hoje ser uma pessoa paciente, pela minha própria vontade eu consigo? Como posso exercer e cultivar a paciência na prática cristã? Para o cristão exercer a paciência na prática da vida, vai requer esforço consciente e uma abordagem equilibrada, levando em consideração os ensinamentos bíblicos e os princípios da fé cristã. Vejamos algumas orientações práticas para cultivar a paciência no dia a dia: 

·      Ore e busque a espiritualidade. A paciência é uma virtude que pode ser desenvolvida pela ação do Espírito Santo em nossas vidas. Portanto, o cristão deve buscar a Deus em oração, pedindo a Ele que o ajude a crescer em paciência e a lidar com as situações de forma mais calma e equilibrada.

·      Medite na Palavra de Deus. A Bíblia é rica em ensinamentos sobre paciência e exemplos de personagens que a praticaram. Meditar na Bíblia diariamente ajuda a fortalecer a fé e a compreender melhor como agir com paciência em diversas circunstâncias. O Salmista diz: “Ao contrário, sua satisfação está na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite” (Sl 1:2).

·      Reconheça a soberania de DeusReconhecer que Deus está no controle de todas as coisas traz tranquilidade ao coração e diminui a ansiedade. Crer que Ele tem um propósito para cada situação e que trabalha para o bem daqueles que o amam, conforme explicita Romanos 8:28, ajuda a enfrentar os desafios com paciência.

·      Controle suas emoções. Praticar o controle emocional é essencial para ser paciente. Isso envolve pausar antes de reagir impulsivamente a uma situação, evitando respostas agressivas ou precipitadas. Não é fácil, exige esforço mental, então respire fundo, conte até dez e busque a sabedoria de Deus antes de agir podem despertar o gatilho da paciência em momentos críticos.

·      Empatia e compreensão. Tentar colocar-se no lugar do outro e entender suas circunstâncias e sentimentos podem ajudar a evitar julgamentos apressados e a responder com mais tolerância e amor. O apóstolo Paulo disse: “Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram” (Romanos 12:15).

·      Aprenda com as crises. Encarar as dificuldades como oportunidades de crescimento e aprendizado pode transformar a perspectiva em relação às provações. A paciência se desenvolve à medida que perseveramos e tiramos lições valiosas das situações difíceis.

·      Pratique o perdão. O perdão é uma forma de exercer a paciência e liberar o ressentimento. Perdoar os outros, assim como somos perdoados por Deus, contribui para relacionamentos saudáveis e para um coração mais tranquilo. Paulo escrevendo aos Colossenses disse: “Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem” (Cl 3:13).

·      Busque apoio em comunidade. A convivência com outros cristãos pode proporcionar encorajamento, conselhos e suporte durante momentos de impaciência. Compartilhar experiências e orar juntos fortalece a fé e o compromisso com a paciência.

·      Dê tempo ao tempo. Nem tudo acontece no ritmo que desejamos. Saber esperar e confiar que Deus age no tempo certo é uma forma valiosa de exercer a paciência.

Em suma, a paciência é uma virtude essencial na vida do cristão, uma vez que reflete o caráter de Deus, demonstra a obra do Espírito Santo em nós, promove a harmonia nas relações interpessoais, fortalece nossa fé em meio às adversidades e nos capacita a nutrir a esperança cristã. Diante de tantos desafios e incertezas no mundo atual, a paciência se mostra como uma âncora para nossa fé, proporcionando-nos perseverança e crescimento espiritual. Que possamos sempre buscar essa virtude em nossas vidas, confiando que Deus é soberano e tem um propósito maior em todas as circunstâncias que enfrentamos.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI

domingo, 22 de setembro de 2024

O temor do SENHOR e a obediência aos mandamentos


 

Está escrito:

“Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12:13)

 

Essa passagem bíblica é um versículo fundamental na teologia cristã que expressa princípios centrais da relação entre o homem e Deus. Nesta breve reflexão, examinaremos a importância dessas palavras e suas implicações práticas para uma vida cristã sadia. 

 

A primeira parte do versículo, “Tema a Deus”, destaca a importância do temor do Senhor na vida do crente. É importante ressaltar que este “temor” não se refere a um medo paralisante, mas sim a um profundo respeito, reverência e adoração a Deus. O Salmo 111:10 afirma que: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso”. Esse temor é a base da sabedoria e a sabedoria bíblica está intrinsicamente ligada ao relacionamento com Deus.

 

O temor a Deus também é um tema comum em Provérbios. Por exemplo, em Provérbios 1:7 diz: “O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina”. Aqui, percebemos que o temor a Deus é a base do conhecimento, da sabedoria e da compreensão da vontade divina. Sem esse temor, a compreensão espiritual e moral se torna limitada.

 

A base da sabedoria no contexto do “temor do SENHOR” reside no reconhecimento de que a sabedoria verdadeira e duradoura não pode ser alcançada separada de Deus, por algumas razões fundamentais, quais sejam:

1.     Reconhecimento da soberania de Deus: o “temor do SENHOR” reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas. Isso implica que Deus é a fonte da verdadeira sabedoria, porque Ele é o Criador e Sustentador de todas as coisas. Qualquer busca por sabedoria que negligencie ou desconsidere Deus é fadada a ser limitada e falha.

2.     Submissão à vontade de Deus: o “temor do SENHOR” envolve submissão à vontade de Deus e à Sua orientação. Aqueles que temem a Deus reconhecem que Ele é a autoridade suprema e estão dispostos a obedecer aos Seus mandamentos. Isso os coloca em um caminho de sabedoria, pois seguem os princípios e valores divinos que promovem uma vida reta e justa.

3.     Compreensão da moralidade e ética: o “temor do SENHOR” está intimamente ligado à compreensão da moralidade e da ética, pois os mandamentos de Deus frequentemente envolvem orientações sobre como viver de maneira justa e amorosa. A sabedoria inclui a capacidade de discernir o que é certo e justo, e esse discernimento é aprimorado pelo temor a Deus.

4.     Busca pela verdade e conhecimento: aqueles que temem a Deus têm uma forte motivação para buscar a verdade e o conhecimento, pois reconhecem que Deus é a fonte de toda verdade. Portanto, eles estão inclinados a buscar o entendimento das Escrituras, a reflexão sobre a criação e o crescimento espiritual.

5.     Evitação do pecado e das tolices: o “temor do SENHOR” também impulsiona os crentes a evitarem o pecado e as tolices, pois sabem que desobedecer a Deus é prejudicial à sua relação com Ele e a seu próprio bem-estar espiritual.

 

Então, aqueles que vivem com reverência a Deus estão em uma posição favorável para adquirir e aplicar a sabedoria em suas vidas, independentemente de qualquer que seja a denominação cristã, busque viver de acordo com os princípios divinos e busque a compreensão que só pode vir de uma relação íntima com o Criador. 

 

A segunda parte da passagem de Eclesiastes 12:13, diz: “obedeça aos seus mandamentos”. A ênfase é na obediência à vontade de Deus como o dever de todo ser humano. Isso nos leva à importância da obediência aos mandamentos divinos, que são revelados na Bíblia. Jesus Cristo reafirmou esse princípio em Mateus 22:37-40, quando disse: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.  

 

O amor a Deus e ao próximo resume todos os mandamentos divinos, enfatizando a importância da obediência. Muitos cristãos consideram o ensinamento de Jesus como central e definitivo, guiando a forma como devem viver suas vidas. Acreditam que Jesus cumpriu a lei e os profetas e que Seu ensinamento substitui ou transcende a antiga aliança da Torá. Eles veem os princípios de amor a Deus e ao próximo como a base para interpretar e aplicar os mandamentos, tanto os do Antigo Testamento quanto os ensinamentos específicos de Jesus e de outros autores do Novo Testamento. Mas, o fato é que os ensinamentos de Jesus é a chave para entender e aplicar os mandamentos divinos de maneira significativa e contextualizada à vida contemporânea.

 

Teólogos como Santo Agostinho e Martinho Lutero também destacaram a obediência a Deus como parte fundamental da vida cristã. Agostinho escreveu em sua obra “Confissões” sobre a busca da verdade e da felicidade através da obediência a Deus. Lutero, por sua vez, enfatizou a justificação pela fé, mas também destacou que a fé verdadeira leva à obediência aos mandamentos de Deus como fruto natural da fé.

 

Em resumo, Eclesiastes 12:13 nos lembra da importância do temor a Deus e da obediência aos seus mandamentos como o dever fundamental de todo ser humano. Fica claro que o temor é um profundo respeito e reverência a Deus, enquanto a obediência reflete o nosso amor e devoção a Ele. Essa passagem nos leva a uma vida de sabedoria, conhecimento e relacionamento íntimo com o Criador, e esses princípios são fundamentais na teologia cristã e na vida prática do crente.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

domingo, 15 de setembro de 2024

Ao Deus Desconhecido

 Está escrito:

“pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente os seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: Ao Deus Desconhecido. Ora, o que vocês adoram sem conhecer, este é o que anuncio a vocês” (Atos 17:23).

 

No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos essa passagem intrigante que nos convida a uma profunda reflexão e a extrairmos valiosas lições sobre a busca por Deus na jornada espiritual. Neste texto, o apóstolo Paulo, ao pregar aos atenienses, faz menção de um altar dedicado ao “Deus Desconhecido”. Esta referência proporciona insights preciosos sobre a natureza humana, a busca espiritual e a revelação divina.


Primeiramente, é importante reconhecer o contexto histórico e cultural em que essa passagem se insere. Atenas, era uma das cidades mais importantes da Grécia Antiga, e era um centro intelectual e politeísta, ou seja, cultuavam diversas divindades. No entanto, os atenienses, em sua busca por compreender o sagrado, erigiram um altar dedicado a um deus que desconheciam. Esta atitude revela a inquietude espiritual inerente à humanidade, uma ânsia por encontrar significado para além do mundo material.


Ao mencionar o “Deus Desconhecido”, Paulo não apenas reconhece a busca dos atenienses por algo maior, mas também aponta para a natureza reveladora de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus se revela de diversas formas: através da criação (Romanos 1:20), da consciência moral (Romanos 2:15), da história e, especialmente, da pessoa de Jesus Cristo (João 14:9). Assim, mesmo quando os seres humanos buscam a divindade de maneira imperfeita ou incompleta, Deus continua se revelando, guiando-os em direção à plenitude da verdade.


As pessoas não vão encontrar Deus nas imagens de esculturas dos templos religiosos, nem tão pouco vão encontrar Deus numa mesa branca ou no batuque do tambor ou em qualquer outra forma de expressão cultural e religiosa. Deus não se revela de qualquer forma, porém devemos estar abertos para reconhecer Sua revelação em nossas vidas, na Bíblia e no mundo ao nosso redor. Conhecer Deus não é adquirir conhecimento teológico, mas envolve uma experiência íntima e pessoal com o Criador.


O apóstolo Paulo, ao se dirigir aos atenienses, não os repreende por sua ignorância, mas os convida a conhecer o Deus verdadeiro. Ele proclama que aquele “Deus Desconhecido” que eles adoravam ignorando seu nome, ele lhes declara. Paulo revela que este Deus não é uma mera construção da mente humana, como uma imagem física ou escultura, mas o Criador do céu e da terra, que não habita em templos feitos por mãos humanas, mas que é soberano sobre todas as coisas (Atos 17:24-25).


Como cristãos podemos aprender diversas lições, a partir dessa passagem. Em primeiro lugar, somos chamados a reconhecer a busca espiritual presente nas culturas e contextos sociais ao redor do mundo. A intensidade e a forma dessa busca podem variar significativamente de acordo com fatores históricos, tradições culturais, influências religiosas, experiências pessoais e até mesmo questões individuais, como predisposição psicológica.


Em muitas culturas, a espiritualidade é uma parte integral da vida cotidiana, permeando todas as atividades e relações. Nessas sociedades, a busca por significado, propósito e conexão com algo maior é frequentemente expressa através de práticas religiosas, rituais, crenças e tradições transmitidas de geração em geração. Portanto, devemos estar atentos às oportunidades de compartilhar a mensagem do Evangelho com aqueles que buscam respostas para suas inquietações espirituais.


Além disso, a passagem nos lembra da importância da revelação divina na nossa própria jornada espiritual. Assim como os atenienses buscavam conhecer o “Deus Desconhecido”, nós também podemos experimentar momentos de desconhecimento ou dúvida em nossa fé. No entanto, assim como Deus se revelou aos atenienses através da pregação de Paulo, Ele continua se revelando a nós através da Bíblia, da oração, da comunhão com outros cristãos e das experiências da vida.


Conhecer a Deus é uma jornada contínua e sincera. Devemos buscá-lo com um coração aberto, disposto a aprender e nos aprofundar nesse relacionamento pessoal com o Pai. O profeta Isaías nos exorta: “Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem por ele enquanto está perto” (Isaías 55:6). Enquanto há vida, há oportunidade de encontrá-lo. Ele está mais perto de você do que imagina. Não desperdice sua vida, pois, após a morte - algo pelo qual todos passarão -, não haverá mais a chance de buscá-lo. Sem Jesus, a eternidade será de separação dEle.


Por fim, somos desafiados a não apenas conhecer intelectualmente a Deus, mas a verdadeiramente nos relacionarmos com Ele. O conhecimento teológico deve sempre nos conduzir a uma vida de adoração e serviço ao Deus que se revelou em Jesus Cristo. Assim, ao refletir sobre o “Deus Desconhecido” dos atenienses, somos incentivados a nos comprometermos com o Deus conhecido e revelado em Cristo, buscando viver de acordo com os Seus desígnios em todas as áreas de nossas vidas.


Em suma, Atos 17:23 nos remete a refletir sobre a busca espiritual da humanidade e a revelação divina. Que possamos, como cristãos, ser sensíveis à busca espiritual ao nosso redor, confiantes na revelação de Deus em Jesus Cristo e sermos comprometidos com uma vida de adoração e serviço ao Deus conhecido e verdadeiro.

 

Lembre-se: Rendam graças ao SENHOR, pois Ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Sola Scriptura - Solus Christus - Sola gratia - Sola fide e Soli Deo glória

SHALOM ADONAI